Papa Francisco e a popularidade católica

Uma das apostas que a Cúria Romana fez ao eleger o cardeal Mario Jorge Bergoglio como papa foi, não apenas tornar a Igreja Católica mais popular, para resgatar os fiéis e os tempos de Karol Wojtila, como também para fazer profundas mudanças internas. Porém, nem os mais otimistas poderiam apostar que uma decisão no fim de 2023 iria fazer o mundo católico além do habitual.

Ao permitir que casais homossexuais possam receber bênçãos de padres, Bergoglio não apenas faz um avanço progressista à Igreja, como também coloca o catolicismo como uma religião democrática, atendendo as pessoas, independente de sua orientação sexual. Por mais que o documento deixe o ritual a cargo dos padres, já é um ponto positivo do legado do Papa Francisco na história da Cúria.

Vale ressaltar que a decisão não permite casamentos, e sim o ritual de receber o "carinho de Deus" e a condição de continuar a acreditar no Espírito Santo.

A Igreja Católica continua a celebrar casamentos apenas entre homens e mulheres, mas passa a, por exemplo, atender o preceito de que qualquer pessoa pode receber a proteção de Deus, seja na homilia, missa ou mesmo em confissões.

Papa Francisco, em sua década de pontificado, já provocou muitas mudanças na Igreja, como uma maior aproximação com outras religiões e a condução do catolicismo não como uma doutrina rígida, e sim uma condição com caminhos e preceitos a serem seguidos de forma simples e objetivos. Contudo, permitir bênçãos a casais homoafetivos atende um clamor de uma parte da sociedade que, provavelmente, estava escondida do mundo católico e, agora, poderá vir a ser vista.

Os problemas de saúde já revelam que o pontificado de Bergoglio não será muito longevo, mas, sua postura e carisma fazem lembrar dos tempos de João Paulo II que, por mais de 20 anos, conduziu a Cúria Romana de uma forma a fazê-la mais respeitável do que no tempo de Bento XVI. Não que Joseph Ratzinger tenha sido um papa ruim. Só que sua postura afastou mais fiéis do mundo católico.

Francisco deixará um legado para entrar na história da Igreja, por desafiar pontos antes considerados intangíveis dentro da própria religião, como a relação com homossexuais.