Os problemas do crescimento urbano
No fim de semana, o estado do Rio de Janeiro sofreu mais uma vez com as fortes chuvas. Não apenas a capital fluminense ficou inundada, com a Avenida Brasil, principal via da cidade que liga as zonas Norte e Oeste, com muitos bolsões de água e vários bairros sendo tomados por um mar de lama. Na Baixada Fluminense, Nova Iguaçu e São João de Meriti foram os municípios que mais sofreram com o temporal. Em Niterói, caiu mais de 120 milímetros em poucas horas. A população sofreu para voltar para casa. Porém, quem pensa que o caso é atípico, ledo engano.
A cada verão que passa, por mais que as autoridades venham a prometer investimentos em infraestrutura contra tempestades, seja em sirenes em comunidades contra deslizamentos ou contenções em encostas, o problema está além disso. Registros das décadas de 1940, 1950 e 1960 já mostram o como o Rio de Janeiro sofre a cada chuva forte. Ou seja, um caso que vem de anos e nenhum governante soube investigar ao fato o que provoca tantos alagamentos nos municípios fluminenses.
Alguns podem até suspeitar que sejam os bueiros, pois eles ficam entupidos e transbordam. Outros a falta de um sistema de drenagem eficiente, capaz de fazer a água escoar. O que importa mesmo é que o crescimento urbano do Rio de Janeiro não seguiu uma linha concreta de infraestrutura adequada para combater os alagamentos, após longas e pesadas chuvas.
Agora, quem pensa que o problema é só no Rio de Janeiro, ledo engano. São Paulo também sofre, assim como Bahia, Pernambuco, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, ou seja, todos os estados do país. O território nacional é vasto, cheio de montanhas e planaltos, o que propicia uma grande variedade climática e de ventos. Por mais que o "El Niño" venha a ser um culpado pelas tempestades, há de se convir que a própria população também é responsável, já que bueiros entupidos não são apenas folhas que caem das árvores, assim como lixo acumulado.
Portanto, se não pararmos para olhar as atitudes que tomamos, nem adianta reclamar muitos dos políticos para fazer obras de contenção, pois se um dia elas, de fato, vierem a ser feitas e o problema persistir, não teremos a quem reclamar. Só do vizinho, que não fez o seu dever de casa.