Por: Paulo Cézar Caju*

Tragédia no Ninho do Urubu segue impune

Incêndio no Ninho do Urubu ocorreu durante a noite, no alojamento das categorias de base, que ficava em contêineres no próprio centro de treinamento, em 2019. | Foto: Agência Brasil

Geraldinos, há cinco anos, um incêndio no Ninho do Urubu fez o sonho de dez jovens terminar precocemente e um drama se iniciar para as suas famílias. A jornalista Daniela Arbex, corajosamente, escreve um livro sobre o fato, ressaltando que, até hoje, os culpados estão impunes. Além disso, em outro tema, este com bastante audácia, diz que o Flamengo cirou um Museu com a sua história, mas que omite este fato, provavelmente para não ferir a sua imagem no mundo do futebol, seja no Brasil ou no exterior.

O mais chocante do livro, tendo como base as entrevistas que Patrícia deu em diversos veículos de comunicação, é o detalhe de como a tragédia aconteceu e que os meninos tentaram um salvar os outros. Mais do que isso é a própria Patrícia relatando a reação dos pais após lerem a história. Muitos até chegaram a chorar copiosamente, sem parar, por saber que o filho poderia ter sido, na verdade, um herói, por ter salvado a vida de um colega de equipe, que mal conhecia direito, apenas convivia no clube.

Saindo desse lado trágico do nosso futebol, que não poderia deixar de passar a limpo, pelos cinco anos de fato, eis outro que atormenta nosso esporte. Muitos dos chamados técnicos medalhões assinam com um clube um contrato longo, de dois anos, fica alguns meses, é mandado embora e cobra na justiça o valor da multa rescisória. Passado algum tempo, este mesmo clube procura o mesmo treinador que havia demitido, para contratá-lo novamente, fazendo um acordo para abater o valor cobrado na justiça com o salário a ser pago neste novo contrato. Muitos são os técnicos que se enquadram nesta lista, que nem merecem ser citados. Fora isso, quantos ainda trocam de clubes — sempre os mesmos — para, justamente, tentar fazer um bom trabalho e fazer um "acordo de cavalheiros" com as dívidas?

Independente do Brasil conseguir ou não a classificação para os Jogos Olímpicos de Paris, fica uma imagem de que temos jogadores que não estão se importando muito se o país vai para a Olimpíada ou não, pois estão com o futuro garantido. Além disso, Ramon Menezes, que foi um ótimo meio campista, principalmente no Vasco, parece que ainda fez transportar todo o seu talento nos gramados na área técnica. A Seleção é muito burocrática e fica na dependência do brilho de Endrick e John Kennedy. A defesa é fraca e meio de campo sem brilho.

Geraldinos, vamos para a análise técnica dos gênios dos computadores, ou melhor, comentaristas de futebol?

Pérolas da semana

1- "Penteada na orelha da bola, pegando o corredor por dentro, tentando achar o falso 9, recebendo assistência, centralizado e encaixado no lugar, engatilhando uma ligação direta, na transição pela diagonal ou vertical."

2 - "Fazendo a leitura de jogo e saindo por baixo, jogando a maior parte do tempo sem a bola" (ora, para quê, então, vai querer a redonda em campo?)

3-"Batendo com o lado de fora com o pé da bola, fazendo a transição direta"

*Ex-jogador de futebol. Fez parte da seleção do Tricampeonato Mundial no México em 1970. Atuou nos quatro grandes clubes do Rio (Flamengo, Botafogo, Vasco e Fluminense), Corinthians, Grêmio e Olympique de Marseille (França).

 

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