Por: Paulo Cézar Caju*

Falta liderança em campo ao Botafogo

Falta liderança em campo ao Botafogo | Foto: Arthur Barreto/Botafogo

Tem coisas que são difíceis de explicar no mundo do futebol. Uma delas é o que acontece com o meu Botafogo. O time, depois que veio numa crescente no Brasileirão do ano passado, caiu de produção com a saída do técnico Luís Castro, e não consegue mais se reestruturar. Apesar de ainda conseguir se classificar para a Pré-Libertadores, falta algo nos jogadores que está além do campo. Alguém capaz de fazer o pessoal acordar e parar de ler o que acontece no jogo — algo que os analistas de computadores (comentaristas de futebol) falam com frequência — para ver como se deve jogar com a bola.

Não pode uma equipe, com a vitória praticamente sacramentada, deixar tomar gols bobos nos minutos finais da partida e deixar pontos importantes no meio do caminho. Um dos fatores da queda do Botafogo, além da falta de uma liderança em campo, foi justamente a perda de pontos para São Paulo, Bahia, Palmeiras, Grêmio, Cruzeiro e Curitiba nos minutos finais dos jogos. Se não tivesse tomado viradas ou mesmo empates contra esses times, muito provavelmente poderia estar na fase de grupos da Libertadores.

Além disso, algo que me irrita muito, e está bem frequente neste Botafogo, é o chamado antijogo ou, no popular, a cera. Jogadores fazendo faltas bobas para parar o tempo, goleiro ficando minutos com a bola em mãos após defesas e outras jogadas que, na hora dos acréscimos, o árbitro dá 9, 10 ou até 11 minutos de tempo extra, permitindo até ao adversário um empate ou mesmo a virada no jogo. Isso aconteceu contra o Aurora, pela Pré-Libertadores, e contra o Flamengo, no Carioca. Se alguns consideram isso um recurso, eu acho um absurdo e uma completa incompetência da equipe. Tanto que, na minha época de jogador, nos reprimíamos, internamente, tais atitudes. Por isso, digo, falta uma liderança em campo para fazer o Botafogo voltar a crescer novamente.

Antes das pérolas, Geraldinos, não posso deixar de falar de um assunto que já venho escrevendo em minhas colunas há tempos, sobre a violência dos torcedores fora dos estádios. O caso mais recente, o apedrejamento do ônibus do Fortaleza por torcedores do Sport, algo dito pelo CEO do clube cearense, Marcelo Paz, como algo premeditado, deve ser mais do que investigado, como também ter consequências severas para o clube pernambucano e seus torcedores. Não pode vários jogadores sofrerem cortes na cabeça, alguns até bem profundos e sérios e deixar por isso mesmo. As autoridades precisam punir todos os envolvidos, inclusive o clube, no caso o Sport, com multa ou até mesmo eliminação da competição. Em países da Europa, vários clubes foram rebaixados por problemas com a máfia das apostas e voltaram a frequentar a primeira divisão novamente. Acredito que se isso vier a acontecer no Brasil, muitos vão pensar antes de fazer tais atos selvagens e covardes.

Pérolas da Semana

1- "Costura e leitura (visão) de jogo, muda a rota do estilo, para brotar (jogador virou planta) atletas agudos ou falsos 9".

2 - "Em duelo de duas equipes num jogo encharcado, o jogador vai atacar a diagonal de fora para dentro, sobe e vai direto por dentro".

2 - "Tendência, processo, forma de funcionamento, pegue e encaixe (se entrosar), time azeitado, centralizado".

3 - "Transição defensiva, correndo para trás (caranquejo ataca novamente), furar o bloqueio do adversário, espassado nas linhas, ao time vertical". (sem comentários)

*Ex-jogador de futebol. Fez parte da seleção do Mundial de 1970. Atuou em Flamengo, Botafogo, Vasco e Fluminense, Corinthians, Grêmio e Olympique de Marseille (FRA).

 

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