O Centenário da 'Resposta Histórica' do Vasco da Gama, que se recusou a excluir seus atletas negros e de camadas sociais mais baixas contrariando às solicitações racistas do regulamento da AMEA, presidida por Arnaldo Guinle, é o capítulo mais importante da história do futebol brasileiro, já que foi graças a ela que heróis nacionais, como Pelé, Garrincha, Ronaldinho Gaúcho e Romário puderam jogar futebol.
No entanto, há um fato que deixa a data ainda mais especial. Quis o destino que o maior goleiro da história do Vasco da Gama, o lendário Moacyr Barbosa, tivesse morrido no dia 7 de abril de 2000. Barbosa foi multicampeão pelo Vasco e pela Seleção Brasileira, sendo considerado um dos melhores goleiros do mundo das décadas de 1940 e 1950.
Infelizmente, Barbosa ficou marcado negativamente pela derrota do Brasil para o Uruguai na Copa do Mundo de 1950, disputada no Brasil. O goleiro ficou marcado até o fim da vida pelo segundo gol que levou no 'Maracanazzo' e foi submetido a maior covardia que o povo brasileiro já fez.
Tomado como vilão nacional, Barbosa foi vítima de racismo até o fim da vida. A sociedade estigmatizou goleiros negros com a frase "goleiro preto não presta", que teve como base a 'falha' de Barbosa na Copa.
Barbosa, um homem de sorriso fácil, foi hostilizado diversas vezes e atormentado por um racismo estrutural. Mas nem mesmo diante do preconceito e da violência ele deixou de sorrir.
Quis o destino que o dia 7 de abril estivesse intrisecamente unido à luta antirracista e o Vasco da Gama. Um século depois, a luta pela igualdade continua e é mais importante do que nunca.