Por: Paulo Cézar Caju

Saudade do futebol ofensivo

Gian Piero Gasperini | Foto: Divulgação/ Atalanta

Geraldinos, esta semana tivemos jogos bons e outros nem tanto, mas, para a resenha, todos são válidos.

Primeiro, gostaria de falar da vitória de 3 a 0 da Atalanta sobre o Bayer Leverkusen, na final da Liga Europa, consagrando Gian Piero Gasperini, depois de anos no comando da equipe e no futebol italiano. Um jogo bonito de se ver e que há muito não se é observado em times no Brasil. Jogadores para frente, com um toque de bola ofensivo, sem se preocupar muito com a quantidade de gols que podem sofrer, mas sim com os que podem fazer. Derrotaram a grande sensação europeia, o Bayer de Xabi Alonso, campeão alemão invicto, que também conquistou o nacional com um futebol gostoso de se ver. Vale ressaltar que Gasperini está na Atalanta há mais de dez anos, uma prova de que a manutenção do trabalho é essencial para que títulos venham num futuro próximo. Além disso, a equipe não é uma das grandes na Itália e eliminou o poderoso Liverpool na fase do mata-mata.

Segundo, do futebol defensivo e que muitos idolatram hoje. O jogo entre Flamengo e Amazonas, em outra vitória magra do Rubro-Negro carioca, foi duro de assistir. Ainda mais depois, nas entrevistas, com o técnico Tite reclamando, mais uma vez, do gramado. Caramba, se o campo está ruim para um, com certeza está para o outro! E se seus jogadores não atuaram bem, culpa-se o treinador por isso, e não problemas extra-campo! Daqui a pouco o treinador vai dizer que perdeu ou jogou mal porque a partida foi pela manhã e não à noite, ou vice-versa...

Ainda na Copa do Brasil, o Fluminense atuou o necessário para vencer o Sampaio Corrêa que, aliás, veio para o Rio com um time misto, já pensando em se precaver na luta contra o rebaixamento na série B do Brasileiro. Mesmo assim, o Tricolor das Laranjeiras não fez um jogo brilhante e até chegou a sofrer um gol, mal anulado, ao meu ver, pelo VAR. Já o meu Botafogo, parece estar se reencontrando com o português André Jorge, vencendo o Vitória no Barradão, por 2 a 1, com um futebol convincente e bem organizado. E por falar no país europeu, o Vasco conseguiu eliminar o Fortaleza com a força da torcida, mas também com as instruções de Álvaro Pacheco, que já chegou em São Januário fazendo sucesso com sua boina.

Antes das pérolas, minha nota repúdio às autoridades pelas questões envolvendo o Rio Grande do Sul. Acho inadimissível que ninguém observe o lado humano da catástrofe e pensem apenas nas soluções práticas e de curto prazo. O que aconteceu no território gaúcho serve de alerta para que todo o país venha a se precaver das chuvas torrenciais que podem vir no nosso território, seja no Sul, Sudeste ou Nordeste. No Rio de Janeiro, Angra dos Reis e cidades da Região Serrana já sofreram com tempestades. Em São Paulo, Ilha Grande e São Sebastião. Até a Bahia foi castigada. Então, isso é um problema nacional e que merece um olhar mais sério!

Antes de falar das tradicionais "Pérolas da Semana", gostaria de agradecer ao escritor Helcio Herbert Neto, que fez uma coluna sobre esse linguajar terrível e dedicou a mim!

"Dedico essa coluna ao mestre Paulo César Caju, que iniciou a cruzada contra a imbecilidade há mais tempo e que percebeu rapidinho que esse linguajar era um jeito de camuflar ignorância!".

Linhas = setores do campo (defesa, meio e ataque)

Primeira linha = lateral-direito, beque central, quarto-zagueiro e lateral-esquerdo

Segunda linha = centro-médio, meia-armador e meia-esquerda.

Terceira linha = ponta-direita, ponta-esquerda e centroavante.

Jogador de beirinha/alas = pontas ou laterais

Leitura de jogo = visão de jogo

Zerar a bola = dar um chutão

Cara da bola = gomo da bola

Tapa na bola = toque na bola

Time encaixotado = time acuado

Chutar na orelha da bola = Pegar mal na bola

Intensidade alta = raça

X1 = ponta partindo pra cima do lateral

Falso 9 = meia-esquerda ou meia-direita, que acompanha o atacante

Pérolas da Semana

1 -"Transição por dentro e confortável, fazendo a leitura do jogo compacto, mas sendo inimigo do gol com o cobertor curto (traz a cama e coloca no gramado).

2 -"Desconfortável, chancelando a quebra da bola (traz o facão!) colocando intensidade, encaixando e furando a bolha com consistência".

3 -"Encaixou com intensidade, furando a bolha com consistência e assistência (é passe!)

4 - "Desatou os nós, tentando desestruturar e desencaixotar com os alas espetados"

*Ex-jogador de futebol. Fez parte da seleção do Tricampeonato Mundial no México em 1970. Atuou nos quatro grandes clubes do Rio (Flamengo, Botafogo, Vasco e Fluminense), Corinthians, Grêmio e Olympique de Marseille (França).