CBF deveria olhar mais para o futebol e os clubes
A CBF, que deveria ser a primeira a fazer campanha ou doar recursos para ajudar os clubes gaúchos, fica, na verdade, buscando meios para conseguir outras coisas, em momentos inoportunos.
Geraldinos, antes de falarmos de futebol, não posso deixar de expressar minha tristeza ao falecimento de Washington Rodrigues, o Apolinho. Uma figura admirável e que me de o apelido de "a bula da bola". A rádio e a comunicação brasileira e esportiva perdem um grande profissional, que marcou gerações com seu humor inteligente.
E agora, vamos iniciar a conversa falando, mais uma vez, da CBF. Enquanto clubes e jogadores buscam meios e formas de ajudar a população do Rio Grande do Sul a se reerguer depois dessa catástrofe climática, a Confederação quer assumir a edição do próximo Mundial Feminino de Futebol. O presidente Ednaldo Rodrigues está na Tailândia, conversando com o presidente da FIFA, Gianni Infantino, para capitanear votos à candidatura brasileira, em mais um congresso da Federação, o país está agonizado com a tragédia no Rio Grande do Sul, numa onda de solidariedade nunca antes vista na história. A CBF, que deveria ser a primeira a fazer campanha ou doar recursos para ajudar os clubes gaúchos, fica, na verdade, buscando meios para conseguir outras coisas, em momentos inoportunos.
Falando em Rio Grande do Sul, a fala do governador do Estado, Eduardo Leite, de que as doações poderiam atrapalhar o comércio local, pegou muito mal. Como roupas e alimentos vão poder fazer os mercados não terem clientes, se a região da grande Porto Alegre praticamente foi devastada pelo Guaíba? Famílias perderam casas, mercados inundados, empreendimentos arrasados. As cidades todas estão submersas e sem como as pessoas saírem delas! Incrível como um Chefe de Estado diz algo desse tipo...
Antes das pérolas, dois assuntos que me choraram nesta semana. O primeiro, Fernando Diniz. Por mais que goste do estilo dele de jogo, seu comportamento em campo, como venho dito, está aquém, do seu lado profissional. Como pode um psicólogo, psicanalista e professor de educação física agir desta forma em campo e, pior, responder e discutir de forma ríspida com um atleta, independente de ser adversário ou não? Se fosse na minha época de jogador, isto não seria admitido e nunca iria acontecer! O segundo, esses pseudo comentaristas de futebol, principalmente da ESPN, que ficam dando palpites e falando que tal equipe é melhor que a outra, já menosprezando os adversários dos times brasileiros na Libertadores e Sul-Americana. O resultado foi uma derrota do Galo para o Peñarol e um sufoco do Furacão com o Danúbio, os dois do Uruguai, por coincidência. Futebol se joga e se ganha em campo, com 11 contra 11! Quem canta vitória antes da hora pode é dar ânimo para o adversário entrar mais pilhado no gramado.
Pérolas da Semana
1 - "Agredir os adversários, amassando e servindo de combustível"
2 - "Jogo de agressão, dando uma injeção na bola e se alimentando da torcida (virou rango agora)"
3 - "Achar uma bola (só tem uma em campo!), 14 duelos em campo (vou chamar o xerife para controlar a situação), seja na ala direita ou na ala esquerda"
4 - "Jogo posicional, travando a linha de seis do Galo (não entendi nada)"
5 - "Tirar o pé do acelerador (meu carro não vai andar) para pegar a segunda bola, que continua viva (só tem uma em campo!)
6 - "Falta de criatividade, sem amassar o adversário e permitindo ser agredido"
*Ex-jogador de futebol. Fez parte da seleção do Tricampeonato Mundial no México em 1970. Atuou nos quatro grandes clubes do Rio (Flamengo, Botafogo, Vasco e Fluminense), Corinthians, Grêmio e Olympique de Marseille (França).