Por: Paulo Cézar Caju*

Brasil, o país do faz de conta no futebol

Caso de Lucas Paquetá é gravíssimo, investigado por estar envolvido em grande esquema de apostas na Inglaterra | Foto: Divulgação/ West Ham

Geraldinos, essa semana só se fala em Paquetá. Mas não na Ilha, e sim no grande jogador nascido neste arquipélago do Rio de Janeiro, chamado Lucas. Cria da base do Flamengo, ele foi para a Europa e fez até um certo sucesso lá. Porém, foi citado no famoso esquema das apostas e, hoje, pode ser processado na Inglaterra. Um grande exemplo que poderíamos usar aqui, mas, como somos um povo bem complacente, passamos a mão na cabeça de nossos atletas e os colocamos embaixo do braço, como se fossem pobres coitados e sendo escorraçados pela mídia internacional. Ora, se ele foi citado, até que se prove o contrário, ele merece ser punido, afastado e até mesmo nem vestir a Amarelinha. Todavia, lá está ele, pronto para servir a Seleção na Copa América. Casos como o de Paquetá e de Gabigol, que teve o julgamento na Corte Arbitral da Suíça adiado, se fossem em outros países, a mídia estaria repudiando os atletas. Já a brasileira, os transforma em coitados e que são inocentes até que se prove o contrário. O que a Justiça italiana fez com os envolvidos no esquema de resultados? O que a justiça inglesa fez com os hooligans? Exemplos como estes que devemos trazer para o Brasil.

Falando do campo, muitos podem ter achado que o Flamengo deu um chocolate no Vasco. Mas, analisando friamente o jogo, o Gigante da Colina estava jogando bem, tanto que fez 1 a 0, até os erros individuais permitirem que o Rubro-Negro crescesse na partida. Nos três gols do time da Gávea no primeiro tempo, dois podem ser postos em erros individuais dos atletas vascaínos. Um deles, por sinal, no clássico toque de bola na defesa, que, se não for bem executado, pode proporcionar uma bela jogada de ataque para o adversário. Algo que aconteceu. O Vasco tem um elenco limitado e ainda sem muita criatividade, dependendo muito do Payet. Mesmo assim, mostrou que dá para jogar bem, mas, precisa ficar mais atento e não cometer tantos erros.

E o sorteio da Libertadores? Botafogo e Palmeiras pode parecer um certo favoritismo do Verdão, mas o Glorioso tem chance de passar. Flamengo enfrenta o Bolívar novamente, com o segundo jogo sendo na altitude, ou seja, precisa fazer o resultado no Rio, para não sofrer em La Paz. São Paulo e Atlético Mineiro pegaram adversários razoáveis - Nacional do Uruguai e San Lorenzo da Argentina -, com grandes possibilidades de passarem. O Fluminense aguarda a definição do grupo do Grêmio, que pode ser o seu adversário, caso fique em segundo, ou o The Strongest, tendo que atuar na altitude boliviana, mas, decidindo no Rio, diferentemente do rival Flamengo.

Antes das pérolas, gostaria de comentar sobre o tênis, mas, desta vez, algo negativo que ocorreu na transmissão de Roland Garros. Nas quartas de final do torneio feminino, a norte-americana Coco Gauff venceu a tunisiana Ons Jabeur, de virada (4/6, 6/2 e 6/3), avançando para a semifinal do Grand Slam francês. Todavia, os comentaristas da ESPN, ao invés de falaram sobre a virada de Gauff, comentaram da campanha da derrotada, que está voltando ao circuito após ser mãe. O grande problema é que a norte-americana é negra e, para quem assistiu à transmissão, pareceu um certo preconceito ou mesmo um rascismo indireto de Nardine e Meligeni, pois em nenhum momento ressaltaram o nome Coco ou o sobrenome Gauff em suas falas, já que a tenista dos EUA foi, pela terceira vez seguida, para a semifinal do torneio parisiense. Uma vergonha!

Vamos, Geraldinos, novamente, rir e tentar entender esse linguajar dos analistas de computadores. Pérolas da semana:

1 - "Tapa na cara da bola (a dita cuja tem GOMOS!), espetar o adversário (traz a espada!), amassá-los e machucá-los (traz o mertiolate!) fora da curva ou não fez a curva (me explique o significado)".

2 - "Jogo na vertical, dando assistência (ou passe) para que jogou um bolão, fazendo marcação baixa ou média, alargando o campo (chame o medidor) por dentro, fazendo a diagonal".

3 - "Jogo cruzado e imprensador, virando a chave, com a bola cortada e fatiada, fazendo a transição e leitura do modelo de jogar, com a bola viva e viajando (vou procurar um voo e acento para ela se sentir confortável)".

4 - "Falso 9 tentando escalar a montanha (virou Maomé)".

5 - "Errou a chapada (toque) na bola e não quebrou as linhas, nem fez jogada em dois tempos para a segunda bola (só existe UMA em campo!)".

6 - "Volante com a perna fresca para recalcular a rota (esse sim virou analista de computador) sem se machucar".

7 - "Clube sem norte, com a linha de 5 por dentro esvaziada, apostando no corredor pela diagonal, dando uma intensidade confortável, ficando fora da curva" (sem comentários).

*Ex-jogador de futebol. Fez parte da seleção do Tricampeonato Mundial no México em 1970. Atuou nos quatro grandes clubes do Rio (Flamengo, Botafogo, Vasco e Fluminense), Corinthians, Grêmio e Olympique de Marseille (França).