Por: Ricardo Bruno*

Cesar Maia merece respeito!

Com trajetória e legado, Cesar Epitácio Maia deu enorme contribuição ao país, especialmente à cidade do Rio, na qual plantou os alicerces de sua construção política.

Preso durante a ditatura, se exilou no Chile, onde se graduou em economia e conheceu a esposa. De volta, coerente, se filiou ao Partido Comunista Brasileiro, célula em que deu curso à militância contra os generais de plantão na presidência da República.

Em 1981, se inscreveu no PDT do ex-governador Leonel Brizola, a quem serviu como assessor, secretário de fazenda e presidente do Banco do estado do Rio de Janeiro. Foi neste período que cresceu politicamente e adquiriu musculatura eleitoral para, em seguida, se eleger deputado federal. E depois, prefeito do Rio por três mandatos.

Rio Cidade, Favela Bairro e Linha Amarela são alguns dos projetos emblemáticos de sua lavra. No curso da vida, após a redemocratização, virou à direita em cujo leito continuou a trajetória política. Mudaram-se as convicções ideológicas; permaneceram o espírito público e a retidão de caráter. Espécime rara no ambiente político contemporâneo, Cesar Maia é um homem público probo. Incólume à permissividade reinante.

Pode-se discordar de suas iniciativas, de seus projetos à frente da prefeitura do Rio, do viés conservador de suas posições atuais. Certamente, como todos nós, ele tem muitas falhas. Não se pode admitir, contudo, que seja achincalhado pela simples falta de traquejo no manuseio de um aplicativo do aparelho celular.

A agressividade e a parvoíce — inatas ao ambiente das redes sociais — não devem se sobrepor à razão, ao reconhecimento da importância de seu legado à cidade.

É inadmissível que se tente "lacrar" com a execração pública de um político com tantos serviços prestados ao Brasil e ao Rio de Janeiro.

Se não houvesse tantos motivos, aos 78 anos, Cesar Maia merece respeito.

*Jornalista. Apresentador do programa "Jogo do Poder", na CNT