O imbróglio que virou a obra de Angra 3
A conclusão da obra da usina nuclear Angra 3 fica cada vez mais embaralhada. A afirmação do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, dada na semana passada, de que dívida de R$ 264 milhões, assumida com as prefeituras que ficam no entorno do complexo nuclear, não será paga, até o governo Lula decidir se de fato irá concluir a usina, caiu como uma bomba.
E mais: a declaração acabou mostrando de uma certa forma que ainda não há decisão sobre o término de Angra 3, que fica na Costa Verde, no Estado do Rio de Janeiro. A obra da usina foi iniciada ainda em 1984 e já sofreu inúmeros revezes, por conta de decisões políticas. E agora virou um verdadeiro dilema.
Só para se ter um ideia são necessários nada menos do que R$ 20 bilhões para colocar um ponto final na obra, que já consumiu algo em torno de R$ 11 bilhões. O presidente da Eletronuclear, Raul Lycurgo, está fazendo uma verdadeira via crucis na tentiva de levar o projeto adiante. Participa de reuniões, eventos, e tudo que for realizado em defesa do complexo nuclear.
Raul Lycurgo destaca, sempre que pode, a importância da energia nuclear para a transição energética no Brasil. Ele ressalta que as usinas de Angra dos Reis fornecem 40% da energia elétrica consumida em todo o Estado do Rio de Janeiro. Além disso, segundo ele, opera com alta eficiência e segurança.
Em meados de junho, Lycurgo ganhou uma batalha: obteve um recurso favorável perante o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, afastando o embargo à obra e permitindo a continuidade da construção de Angra 3. Mas a guerra está longe de acabar.