Sob a hospitalidade do Presidente Carlos Henrique Passos, a FIEB - Federação das Indústrias do Estado da Bahia sediou, na semana passada, tão memorável seminário sobre a Economia do Mar - nossa Amazônia Azul que acresce 5.7 milhões de km² de território molhado, ao nosso já grande território seco de 8.5 milhões km²- que deixou os que dele participaram - empresários, autoridades civis e militares, políticos, jornalistas, técnicos e cientistas - com a sensação de estarem testemunhando o nascimento de um movimento redentor, destinado a trazer muita riqueza para a Bahia, o Nordeste e o Brasil. Registre-se que esse gigantesco território marítimo, equivalente à Região Amazônica Brasileira, é uma Zona Econômica Exclusiva (ZEE) do Brasil.
A iniciativa do momentoso evento foi do administrador e economista Eduardo Athayde, representante no Brasil da W.W.I., World Watch Institute, fundada e dirigida pelo nonagenário ambientalista Lester Brown, atuando como coordenador dessa que constitui, também, importante pauta das inquietações de nossa vetusta Associação Comercial da Bahia, sediada em Salvador, capital da Amazônia Azul. Para que se tenha uma ideia da riqueza potencial do mar e do seu subsolo, basta dizer que 95% do comércio exterior brasileiro - importações e exportações – são processados via marítima, de cujo subsolo provêm 95% do petróleo e 80% do gás que consumimos. Além das grandes reservas de petróleo e gás, a exemplo do pré-sal, o domínio sobre este gigantesco mar territorial é de interesse estratégico do Brasil, não só por razões de segurança, como por razões econômicas; além do transporte marítimo e da extração de petróleo e gás, extração mineral, indústria naval, criação de portos, turismo, pesca, esportes náuticos, biotecnologia, geração de energia elétrica offshore, parques de energias renováveis, como a eólica e a solar, cultura popular e culinária, e uma biodiversidade e recursos naturais de tirar o fôlego.
Como têm destacado o Almirante Antônio Carlos Cambra, expositor no evento, e seus antecessores no Comando do Segundo Distrito Naval, o monitoramento executado pelo Comando de Operações Marítimas e Proteção da Amazônia Azul (COMPAAz), tem a missão de monitorar o tráfego marítimo em suas águas, utilizando diversas fontes de dados, para acompanhar a movimentação dos navios em busca de indícios de prática de ilícitos, como ações terroristas, contrabando e tráfico de drogas, sem falar da exploração ilegal de nossos recursos. O Almirante Cambra ressaltou, ainda, a recente promulgação pelo Presidente da ALBA, Adolfo Menezes, da lei, de iniciativa do Deputado Eduardo Salles, que cria a Política Estadual de Incentivo à Economia do Mar. O ex-Comandante da Marinha Nacional, Almirante Ilques Barbosa, discorreu, em rica síntese, sobre a oportunidade do encontro e sua afinidade com o papel desempenhado pela Marinha Brasileira.
Alguns dos maiores atores do setor econômico baiano deram densidade ao encontro, a exemplo do Presidente da Companhia das Docas do Estado da Bahia, Antônio Gobbo, ao destacar a premente necessidade de melhorar nossa infraestrutura. O dirigente Marcelo Lyra, da ACELEN, responsável por um décimo do PIB baiano, demonstrou como uma empresa que lida com petróleo e gás deve atuar para gerar riqueza material e qualidade de vida. O vice-Presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte, e dirigente de outras estruturas dedicadas ao mar, Gabriel Calzavara, argumentou, com brilho, em favor da valorização das atividades voltadas para o aproveitamento das ingentes possibilidades de nossa Amazônia Azul. Os representantes do SENAI CIMATEC Miguel Andrade e Jailson Andrade disseram do relevante papel que esta notável entidade científica-tecnológica vem desempenhando em favor dos trabalhos subaquáticos de manutenção de embarcações, nas operações portuárias e na engenharia naval.
O legendário navegador Aleixo Belov, presente ao evento, foi apontado como inspiração para o urgente esforço nacional em favor do aproveitamento inteligente das imensuráveis possibilidades da exploração de nosso mar territorial.
Já não é sem tempo que esse promissor evento tenha acontecido entre nós, porque, como argumenta Eduardo Athayde: “Muitos estados estão avançando nesse setor e precisamos inserir a Bahia nesse contexto, até porque a economia do mar, na Bahia, movimenta cerca de oitenta bilhões de Reais, por ano”.
Espera-se que que desse promissor encontro resultem ações que minorem as conhecidas e aflitivas carências de baianos e nordestinos.
*Jornalista e Advogado. Presidente do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia