Os números divulgados pelo Relatório das Nações Unidas sobre o Estado da Insegurança Alimentar Mundial (Sofi 2024) trazem uma notícia alentadora: em 2023, 14,7 milhões de brasileiros deixaram de passar fome. Se em 2022 a insegurança alimentar severa afetava 17,2 milhões de pessoas, este número foi reduzido drasticamente para 2,5 milhões no ano passado. É compreensível a celebração desta diminuição considerável, mas o fato de ainda termos tantos famintos em um país que deveria ser sempre abundantemente rico, ainda nos traz reflexões sobre o caminho que precisa ser percorrido.
A significativa diminuição na fome extrema no Brasil é um claro sinal de que políticas públicas bem estruturadas e ações coordenadas podem fazer a diferença. Medidas como o fortalecimento de programas de transferência de renda, ampliação do acesso a serviços de saúde e educação, além de incentivos à produção agrícola familiar, têm mostrado resultados palpáveis. Esses programas, ao garantir um mínimo de dignidade e segurança às famílias mais vulneráveis, cumprem um papel fundamental na luta contra a fome.
Entretanto, o número que deve ficar na mente da sociedade é o dos 2,5 milhões de pessoas que ainda enfrentam insegurança alimentar severa. Esse número representa vidas marcadas pela privação e pela incerteza diária de não saber se haverá comida na mesa. Portanto, a luta está longe de terminar. É imprescindível continuar investindo em políticas inclusivas e sustentáveis que não só aliviem a fome temporariamente, mas que também criem condições para que as pessoas possam superar a pobreza de maneira duradoura.