Paquetá esquecida?

Por Aristóteles Drummond

A poluição da baía nas últimas décadas afastou a Ilha de Paquetá das atenções da Prefeitura e até do Estado. Chegou a ter defensores na política carioca, como os saudosos Victorino James e Maurício Pinkusfeld.

A encantadora ilha tem história e relevo. Nas suas imediações, numa ilhota, Brocoió, está uma bela casa, que foi dos Guinle. Ali, o governo do Rio recepcionava visitantes ilustres e foi usada por governantes como Carlos Lacerda. Na própria Paquetá, entre os ilustres moradores estava José Bonifácio de Andrada, cuja casa ainda lá está. D. João VI estava entre seus visitantes habituais.

Acabar com a favela local é fácil, bastando a construção de um pequeno conjunto habitacional. E dotar de mais qualidade nos serviços públicos, saneamento, arborização e controle da qualidade das construções que devem respeitar certos padrões estéticos. Não é investimento muito grande. São ainda relevantes imóveis dos séculos XIX e XX, sendo que a capela é do século XVIII.

É bom lembrar que fica muito perto de São Gonçalo e um investimento em dragagem da pequena distância que a separa de Paquetá poderia muito bem gerar uma alternativa no transporte com a barca da ilha seguindo mais um pouco. Alívio para o movimento na Ponte Costa e Silva e qualidade de vida para os passageiros que viajariam com conforto e tranquilidade. No governo Sergio Cabral se pensou nisso.

Agora com a livre empresa cuidando do saneamento, as condições sanitárias da baía devem melhorar muito e as lindas praias até voltarem a ser usadas.

Administrar pede criatividade e revitalizar Paquetá e seu entorno pode ser uma boa. O prefeito Eduardo Paes tem cultura para isso. E pragmatismo para ver que, além da parte histórica e cultural - a ilha ficou famosa pelo romance A Moreninha, que marcou a literatura brasileira do século XIX -, pode trazer um grande benefício para São Gonçalo, o que justificaria investimento do Estado na dragagem para facilitar acesso de barcas modernas de médio ou grande porte.