Por:

Os desafios impostos pela IA nas eleições

A partir da próxima sexta-feira (16), as propagandas para as eleições municipais de outubro estarão liberadas, marcando um momento histórico para a política brasileira. Será a primeira vez que um pleito no país será diretamente impactado por novas tecnologias de inteligência artificial (IA), capazes de produzir imagens e sons sintéticos incrivelmente realistas. A inovação tecnológica traz à tona questões fundamentais sobre a ética e a transparência no processo eleitoral.

Em um cenário onde a IA pode ser utilizada para criar conteúdos multimídia que simulam discursos, rostos e até vozes de candidatos, a ausência de uma legislação específica sobre o uso dessa tecnologia no Brasil gera preocupação. Para tentar conter possíveis abusos, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu se adiantar e aprovar regras que regulamentam o uso dessas ferramentas. A decisão de exigir que todo "conteúdo sintético multimídia" gerado por IA seja acompanhado de um alerta sobre sua utilização é um passo importante, mas talvez ainda insuficiente.

O avanço da IA coloca em xeque a integridade do processo democrático, na medida em que abre espaço para a criação de deepfakes e outras formas de manipulação digital que podem distorcer a percepção dos eleitores. A medida do TSE pode enfrentar desafios na prática, principalmente em relação à fiscalização e à rápida disseminação de desinformação nas redes sociais. A tecnologia evolui em uma velocidade que muitas vezes ultrapassa a capacidade das instituições de acompanhar e regular adequadamente.

O desafio não é exclusivo do Brasil. Em todo o mundo, nações estão tentando equilibrar o potencial inovador.