As consequências de uma eleição sem fim
Era de se esperar que a eleição venezuelana provocaria um rebuliço nas Américas — e no mundo. Todavia, poucos poderiam imaginar que ela chegaria a tal ponto.
A briga entre chavismo e oposição consegue piorar a situação de um país que, há anos, vive a beira de uma ditadura disfarçada de democracia, cuja população está embaçada na penumbra de Chávez.
Nicolás Maduro pode ter alguma noção política e ideais para melhorar o país. Contudo, o que ele fez com a ideologia de Hugo Chávez foi deixá-la mais rígida. Como pode um presidente, que, mesmo no poder, consegue controlar os poderes Legislativo e Judiciário? A oposição quase não registrou a chapa a tempo porque os dois primeiros nomes foram considerados "inelegíveis".
O resultado desta manobra está sendo visto, com vários países latinos não aceitando o terceiro mandato de Maduro, que, como resposta, fechou as embaixadas deles na Venezuela. O Brasil está ainda emitiu sua opinião, mas Lula e PT não estão falando a mesma língua. Enquanto o partido divulgou uma nota pró Maduro, o presidente assinou uma carta conjunta com México e Colômbia, pedindo uma auditoria independente internacional e a divulgação das atas das urnas de votação. Com isso, a manobra está agradando gregos e troianos, e o Brasil esticando a corda ao máximo, antes de resolver para qual lado vai romper.
A Venezuela tem uma posição geográfica estratégica na América do Sul e, por ser membro da OPEP, organização dos países produtores de petróleo, tem, no combustível, sua principal fonte de riqueza e de sustentação financeira. Assim, ter um embargo de muitas nações, vendendo apenas para Rússia, Irã, Nicarágua e China — os únicos que aceitaram o terceiro mandato de Maduro até agora — pode fazer o território de Simon Bolívar cair no ostracismo.
Que os protestos acabem e os venezuelanos voltem para o bem estar social, sem guerras e propício para a construção e ressurgimento de uma nação que, durante anos, foi essencial para o comércio latino-americano.