Engajamento contra o feminicídio

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A recente campanha "Feminicídio Zero - Nenhuma violência contra a mulher", lançada pelo Ministério das Mulheres, é uma iniciativa fundamental em um cenário onde os índices de violência contra a mulher continuam a crescer.

O destaque dado pelo ministério ao número crescente de medidas protetivas concedidas pela Justiça, que em 2023 chegou a 634,7 mil, revela a gravidade e a urgência desse problema. Esse dado lamentável, que mostra que a cada minuto uma mulher recebe uma medida protetiva, não pode ser ignorado, pois ele reflete uma sociedade onde a violência de gênero se mantém presente e ameaçadora.

O feminicídio, como bem apontado pelo ministério, é um crime evitável, diferentemente de outros tipos de homicídios que podem ocorrer em situações de confronto inesperado, como brigas de rua. O feminicídio é resultado de uma cadeia de violência contínua e previsível, onde as vítimas muitas vezes já estão sob medidas protetivas. Isso evidencia que, apesar dos esforços da Justiça, a proteção concedida ainda não é suficiente para garantir a segurança das mulheres.

A campanha "Feminicídio Zero" se propõe ir além da conscientização, buscando envolver toda a sociedade nessa luta. A estratégia de articulação com empresas, grupos de mulheres, clubes de futebol e outros setores é um passo essencial para atingir um público mais amplo, especialmente os homens, que, em grande parte, são os causadores desse tipo de violência.

O esporte, como classificado pelo ministério, é um espaço fundamental para essa mobilização. Os clubes de futebol, que têm uma enorme influência sobre seus torcedores, podem e devem utilizar essa plataforma para promover mensagens contra a agressão e o abuso, ajudando a transformar atitudes e comportamentos.

No entanto, é importante questionar até que pontos essas campanhas, por mais bem intencionadas que sejam, serão eficazes sem uma mudança estrutural mais profunda. O fato de que 634,7 mil medidas de proteção foram expedidas em 2023 indica que, embora as mulheres estejam buscando ajuda, o sistema ainda falha em vigia-las de maneira eficaz.