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Os 'companheiros' que atrapalham o governo

Alguns falam que político quando entra em terceiro mandato normalmente não vai bem. Neste governo Lula 3, a dificuldade começou logo na largada, na composição do ministério, para buscar votos no Congresso, já que ele é mais para o lado do conservadorismo do que para o eixo político do PT. Lula deixou os principais ministérios para sua base e nomes de confiança. Aqueles aos quais poderia negociar, entregou para os partidos. Porém, ao longo do governo, as legendas começaram a pressionar por mais espaço e, consequentemente, trocar foram feitas e algumas pastas criadas ou turbinadas para angariar votos em matérias importantes tanto na Câmara quanto no Senado. Todavia, o que mais está atrapalhando Lula 3 não são propriamente estas composições, e sim os escândalos dentro do próprio Planalto e na Esplanada.

O mais recente se deve ao caso de assédio sexual envolvendo o ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida. Além da denúncia da ONG Me Too, há uma da ministra da Igualdade Racial, Aniele Franco, feita a partir de um episódio em uma reunião ministerial em 2023, na qual Silvio Almeida teria passado a mão nas pernas de Aniele, dados beijos e ter dito palavras um pouco inconvenientes para a ministra. O caso, que só explodiu por agora, ficou nos recônditos do Planalto, mas gerou desgaste interno, principalmente entre os aliados de Lula.

Não se pode esquecer também a questão do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, indiciado pela Polícia Federal por desvio de verbas de emendas parlamentares, enquanto exercia o cargo de deputado, antes de ser nomeado para a Esplanada.

A baixa de mais uma pessoa na equipe ministerial prova o quanto está sendo difícil evitar desgastes neste governo, seja interno ou externo, pois ainda há a questão da Venezuela e Maduro, onde o Brasil está em cima do muro, pela questão pessoal de Lula com o atual presidente venezuelano e a pressão internacional para uma posição mais firme do país às eleições do vizinho sul-americano.

Resta saber como será o fim de 2024 com as eleições municipais e se uma reforma ministerial pode vir em 2025, já buscando apoios para a reeleição ou suporte para um candidato indicado, caso haja pressão interna como aconteceu com Biden nos EUA. Contudo, ao que tudo indica, deve ter gente no Planalto torcendo para mais nada de grave acontecer e o ano terminar logo.