Presidência de clube agora é status

Por Paulo Cézar Caju*

Leila Pereira, presidente do Palmeiras, vai se candidatar à reeleição pela presidência do clube

Geraldinos, quando a situação está muito boa, ninguém quer largar, não é? A atual presidente do Palmeiras, Leila Pereira, que conseguiu mudar o estatuto do clube para permitir uma reeleição presidencial, tentará, agora, no fim do ano, mais um mandato à frente da Sociedade Esportiva Palmeiras. Se ser presidente de clube fosse ruim, ninguém iria largar o osso, certo? Todos querem ser reeleitos, terem vários mandatos ou ficarem em vice-presidências ou na cúpula da diretoria. Motivo? Vários, mas para citar alguns, viagens na primeira classe, hospedagens em hotéis de luxo e possibilidade de visitar países pelo mundo. Eu, quando jogador, sofri isso, com os dirigentes viajando na primeira classe e nós na econômica, com eles hospedando nas suites presidenciais dos hotéis e nós em quartos comuns. Por isso que esse negócio de ser presidente de clube é bom e ninguém quer largar a teta.

Indo para o campo, não posso deixar de citar como o futebol carioca está virando um verdadeiro asilo. Quase um Retiro dos Artistas, mas, neste caso, não de astros do mundo da bola, e sim de ótimos jogadores e que estão a beira da aposentadoria. Encabeçando a lista, o Fluminense, com Fábio, Marcelo, Thiago Silva, Cano, Keno, Renato Augusto e Felipe Melo. Esse úlitmo então, que se acha um grande jogador e técnico, entregou a paçoca e fez o Tricolor perder o clássico contra o Botafogo, indo para a zona do rebaixamento. Uma pessoa que sabe as suas limitações técnicas entende que não deve driblar na área, pois a chance de perder a bola para o atacante é grande. Ainda mais se tem entre 39 e 40 anos, como é o caso do Felipe Melo, onde o corpo já sente a idade e não tem mais o poder de força e vigor físico de antes. E pior do que ele é o treinador que, ao invés de por um jogador mais jovem, aposta nele, por ser de marcação. Essa escola gaúcha de retranca acaba com o nosso futebol...

Flamengo terá um jogo duro contra o Peñarol, onde está em jogo não apenas uma vaga na semifinal da Libertadores, como também uma boa premiação que o clube deseja ter em seus cofres. Engan-se quem pensa que será um jogo fácil, já que o Rubro-Negro entra com desvantagem de um gol. E ainda bem que foi de apenas um, pois, quem viu o duelo no Macaranã, sabe que o time uruguaio poderia ter saído com dois ou três gols de vantagem. A catimba uruguaia e a pressão da torcida será enorme, ainda mais porque o Peñarol não vai para a semifinal da Libertadores já tem um bom tempo...Ou seja, jogo duro e complicado para o Flamengo que, se continuar com esse negócio de escola gaúcha retranqueira, vai ficar sem Libertadores, sem Brasileiro e, quiçá, sem Copa do Brasil. Só com o Carioca mesmo.

Vasco está me surpreendendo. Mesmo com time e elenco limitado, vai conseguir escapar do rebaixamento e brigar por Sul-Americana. Pode até brigar pela pré-Libertadores, mas acredito que não chega lá. Mesmo assim, o trabalho do Rafael Paiva, com esse elenco limitado e ainda com jogadores veteranos, é de fazer muito vascaíno ficar sorrindo. E o meu Botafogo está já se movimentando nos bastidores, com os novos candidatos à presidência, com um deles sendo apoiados pela situação, e que pode fazer muito bem ao Alvinegro: João Paulo Magalhães Lins e André Silva, como vice-presidente.

Antes das pérolas, dois assuntos. O primeiro, Fernando Diniz de volta ao comando de um clube. Será bom para ele sair do eixo Rio-São Paulo e ir para o Cruzeiro, que tem uma boa estrutura e mostrar o seu talento como treinador. Só espero que esses três meses fora de campo o tenham feito refletir sobre algumas atitudes. Não pode um psicólogo fazer o que ele faz na área técnica, pois isso estima os jogadores a copiarem ou fazerem igual. Assim como não pode xingar à beira do gramado. Ele é um bom treiandor, mas ainda precisa avaliar algumas questões, como essa saída de bola em toques e sempre priorizar os passes. Tem situações em que um chutão é melhor e providencial do que um toque para o lado. O segundo assunto é essa arbitragem sem critério algum. Em pelada, não tem impedimento e quando a bola bate na mão é sempre falta. Por isso o jogo flui bem. Isso não de hoje, mas desde que jogo futebol. Ou seja, acaba o impedimento, acaba com o VAR e deixa o jogo seguir conforme ele deve, com a bola no pé e sem mi-mi-mi.

Pérolas da Semana

1 - "Fazer o mapeamento do campo (virou guerrilha), com força na vertical, para romper a linha do adversário".

2 - "Leitura (visão) do jogo pelo treinador, rodar o elenco, ir para o duelo tático (vou por um ringue em campo)".

3 - "Time vai ficar com a bola, empurrando o outro para trás, passando pelo correndor, para encontrar outra marcha (chama o mecânico), atacando o espaço".

4 - "Time atacando pelos lados com muita intensidade para evitar a bola (como assim!), fazendo a leitura de liquidar o adversário pelos lados".

5 - "Ábritro está tendo dificuldade, aumentando a temperatura do jogo (chama os bombeiros para apagar o incêndio)".

6 - "Sair da lateral por dentro, para virar ala ou ponta, vindo da esquerda por dentro ou por fora (tradutor, por favor?)".

7 - "A bola viajando para a grande área (bola virou avião)".

*Ex-jogador de futebol. Fez parte da seleção do Tricampeonato Mundial no México em 1970. Atuou nos quatro grandes clubes do Rio (Flamengo, Botafogo, Vasco e Fluminense), Corinthians, Grêmio e Olympique de Marseille (França).