Como venho dizendo há algum tempo, as eleições municipais não necessariamente balizam o que acontecerá na eleição nacional dois anos depois.
Quando a eleição é "descasada", os assuntos municipais dominam o interesse da população, colocando, via de regra, os temas ideológicos em segundo plano.
Quem apostou que bastava o prestígio de Lula, como na eleição da capital paulista, ou o de Bolsonaro, no caso da eleição carioca, quebrou a cara.
Em São Paulo, com um amplo arco de alianças, dez vezes mais recursos que há quatro anos e apoio explícito do presidente Lula, Boulos obteve basicamente a mesma votação de quatro anos atrás.
No caso do Rio, todas as apostas foram na nacionalização, transformando a eleição em uma espécie de terceiro turno de 2022. E nem houve segundo turno em 2024.
Não faltaram recursos, nem marqueteiro pago a peso de ouro para fazer mágicas e truques, que pelo visto só funcionaram para Freixo.
Esta eleição, contudo, deixa sinais e lições, principalmente para os dois principais líderes: Lula e Bolsonaro.
Lula viu o avanço da direita no, até então, intransponível Nordeste. Coincidência ou não, desde que o PT deixou de lado as causas sociais e aderiu à pauta Woke, perde terreno entre os mais pobres, que tendem a ser mais conservadores nos costumes.
Com isso, agrada a uma bolha desconectada dos mais pobres e se afasta de seu público primário.
Bolsonaro, por sua vez, enfrenta duras derrotas contra outrora aliados que se sentiram traídos e que certamente darão o troco em 2026, caso ele consiga resgatar sua elegibilidade. O bolsonarismo ao invés de ser um movimento de direita , caminha para ser um movimento que visa sequestrar a direita , não admitindo nenhuma liderança fora deste movimento. Seria importante uma profunda reflexão do seu líder , e seus mais próximos seguidores se o objetivo for realmente voltar ao poder no próximo pleito nacional.
Está dada a largada para 2026!
*Ex-deputado.
Consultor político