Paris, sempre uma festa

Por Aristóteles Drummond

A literatura e o cinema no mundo contemporâneo são peças preciosas na indústria do turismo. Atraem multidões, além de suas atrações tradicionais, com o charme transmitido nos bons textos, nas imagens cinematográficas, nos personagens. Através de quase um século, quantos não optaram por Paris, embalados pelo icônico "Paris é Uma Festa", de Ernest Hemingway, ou no recente "Meia-noite em Paris", do genial Woody Allen? E certamente vendeu livros sobre os frequentadores da casa de Gertrude Stein, que reunia o melhor dos anos 1920 na cidade.

Agora é sucesso, já com várias reimpressões, o "Sempre Paris", da jornalista, escritora e tradutora Rosa Freire D'Aguiar, viúva de Celso Furtado, que morou muitos anos em Paris. Não se pode ler o livro sem ter vontade de pegar o avião e percorrer as ruas, os cafés, lembrar dos personagens daqueles anos por ela vividos e tão bem narrados. E, ainda, tem suas entrevistas históricas, com o que existia naquele momento de melhor na inteligência e na relevância mundial. E Nova York, que é outra beneficiada pelos ilustres moradores, pelos filmes, pelos livros? Deve muito a canção consagrada por Frank Sinatra e ao próprio Woody Allen.

As observações valem para se avaliar os prejuízos causados ao Brasil e ao Rio, que é a cidade mais conhecida e admirada, pela nossa burocracia que dificulta a entrada de equipamentos para filmes e pela indiferença do poder público em facilitar o uso das vias públicas para tomadas de cena. Joga-se fora milhões em propaganda por milhares de taxas menores. O Rio tem história, arquitetura, musicalidade, futebol e paisagens fascinantes. Todo mundo gostaria de filmar ou escrever a partir de nossa Cidade Maravilhosa. As cidades que acolheram novelas atestam o valor de se mostrar ao grande público as marcas de cada uma.

Esta fase dourada do turismo baiano começou com Jorge Amado, Caymmi, Caetano e Bethânia, Gil e Ivete Sangalo, que chamaram a atenção para a alegria e o encanto da gente, da gastronomia e da paisagem.

Uma boa política seria destravar tudo o que possa estar dificultando o uso de nossas cidades e atrairmos a inteligência para nossa terra hospitaleira. A começar pelo Rio.

Quando da guerra, recebemos com sucesso notáveis como Vieira da Silva, George Bernanos, Marcier - que ficou - Stefan Zweig, entre outros.