Política é para profissionais
A grande estadista Margareth Tatcher dizia que política é uma arte e, por tal, ficou no poder por 14 anos e tirou o Reino Unido de uma grande crise.
No Brasil, tem escasseado os políticos pragmáticos, hábeis, experientes, equilibrados. Um deles é o presidente do PSD, Gilberto Kassab, vencedor do recente pleito a nível nacional, secretário de Estado em São Paulo e padrinho de três ministros do presidente Lula. Outro é o presidente controlador do PL, ex-deputado Waldemar Costa Neto, que pode ser considerado o segundo vencedor da eleição deste ano. Waldemar, sem mandato e sem poder disputar eleições, exerce liderança inquestionável no partido. Popularidade é importante, mas sem sabedoria não leva a lugar algum.
Na entrevista, semana passada, a O Globo revela de maneira franca e até destemida que não deseja se comprometer com erros políticos, que o igualariam aos despreparados e equivocados que andam por aí.
Hábil em tentar manter boas relações com o ex-presidente Bolsonaro, tarefa tida como difícil, defende a maior liderança popular do partido mas observa ser muito difícil o sucesso sem uma aproximação com o centro, onde as eleições costumam ser decididas.
Bolsonaro perdeu por pouco e não foi reeleito justamente pela rejeição de parte do centro democrático, que não queria endossar a falta de categoria do presidente negacionista, grosseiro, arrogante e cercado no círculo íntimo por figuras menores. Acredita-se que a maioria dos 38 milhões que se abstiveram, votaram branco ou nulo, reconhecia o bom governo, na economia, na gestão do setor público e saneamento de estatais. Além de ter feito vendas significativas, como a Eletrobras, hoje em mãos privadas e, portanto, longe do aparelhamento político. Mas a postura menor foi decisiva para que o resultado fosse o menos conveniente para o Brasil.
Waldemar tem razão quando afirma que o mais difícil é convencer Bolsonaro e seus próximos, como o caricato deputado mais votado do Brasil, que é outro que não está sabendo aproveitar os bons ventos do destino.
O inseguro Bolsonaro não consegue conviver com gente independente e de sucesso. Bastou o sucesso do ministro Henrique Mandetta, para o afastar. O mesmo com o Sergio Moro, cuja respeitabilidade e independência o irritavam. Pensa que sua popularidade inquestionável basta para vencer eleição majoritária. Assim é que construiu a derrota.
Agora investe contra o governador Ronaldo Caiado, que tem longa e admirável carreira política no liberalismo conservador, e humilha o competente governador Tarcísio Freitas dizendo que sua eventual candidatura depende de seu aval.
Uma pena para todos que formam o centro, centro direita e direita que o maior nome contra as esquerdas seja um macaco em casa de louças, mas, pelo andar da carruagem, antes de 26 estará falando sozinho.