A inesperada beleza da final única
Quando foi anunciada, há cerca de cinco anos, a final única da Copa Libertadores causou uma série de polêmicas. A maior reclamação é que a América do Sul, diferentemente da Europa - continente que inspirou essa mudança no torneio -, não possui meios de transporte acessíveis entre os países, como os trens que conectam toda a Europa, o que encareceria as viagens e afastaria os torcedores das finalíssimas.
Isso aconteceu, de fato, nas edições de 2021 e 2022. Na primeira, disputada no Uruguai, a maior dificuldade se deu principalmente por conta da pandemia de Covid-19, que ainda estava em estágios graves pelo mundo. Já no segundo caso, a final foi disputada no Equador, que vivia um momento de guerra civil. Isso resultou em uma procura baixíssima por ingressos.
Porém, nas edições de 2019 - Lima (Peru), 2020 - Rio de Janeiro, 2023 - Rio de Janeiro, e agora 2024 - Buenos Aires (Argentina), o que se viu foi uma incrível troca cultural entre os torcedores e o povo local.
Nesta edição, por exemplo, o grande astro é o atacante Deyverson, do Atlético-MG. No jogo que eliminou o River Plate, ele tirou sarro do clube argentino e brincou em campo. Isso fez com que ele virasse fenômeno entre a molecada argentina que torce para o Boca Juniors, arquirrival do River.
Isso rendeu momentos inusitados de crianças argentinas usando camisas do Brasil na porta do hotel do Atlético em Buenos Aires.
Essa troca cultural se estende aos adultos brasileiros, que estão descobrindo os encantos argentinos enquanto aguardam pela tarde do sábado (30). É uma beleza inesperada desse novo formato.