Falta compromisso para sanar problema
Embora o Brasil tenha alcançado uma cobertura de 99,8% dos municípios em serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos em 2023, o país ainda enfrenta um desafio persistente: o descarte inadequado de resíduos.
De acordo com a Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic) do IBGE, 31,9% das cidades utilizam lixões a céu aberto, uma prática prejudicial ao meio ambiente e à saúde pública.
Essa realidade expõe uma contradição gritante, considerando a ampla acessibilidade ao manejo de resíduos. Lixões poluem o solo, recursos hídricos e ar, além de servirem como criadouros de vetores de doenças. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), aprovada em 2010, estabeleceu 2014 como prazo para o fim dos lixões, mas dez anos depois, o planejamento não ganhou corpo fora do papel e mais de um terço dos municípios não cumpriu essa meta.
A pesquisa revela também que 28,6% das cidades optam por aterros sanitários, enquanto 18,7% utilizam aterros controlados. Isso demonstra capacidade técnica para avançar, mas enfrenta entraves financeiros, administrativos e políticos. Ou seja, o caminho correto e como chegar até ele é de conhecimento das autoridades, mas as pernas para cumprir esse trajeto não funcionam.
A persistência dos lixões está associada à falta de recursos nas cidades menores e baixa fiscalização. Porém, falta um compromisso nacional com educação ambiental e incentivo à reciclagem, essenciais para reduzir a dependência de aterros e promover a economia circular.
Para superar esse desafio, é necessária ação conjunta entre governo, sociedade e empresas. A destinação de resíduos deve ser tratada como prioridade estratégica, com investimentos em aterros sanitários e programas de reciclagem. Municípios precisam de apoio financeiro e técnico, enquanto a população deve ser educada para participar ativamente da gestão dos resíduos.
A erradicação dos lixões não é apenas uma meta ambiental, mas um imperativo moral e social. É hora de abandonar a cultura do descarte irresponsável e adotar práticas sustentáveis que respeitem o meio ambiente e as futuras gerações.