Não é uma invenção brasileira. Embora nosso país tivesse adotado a tecnologia em grande estilo. Eu mesmo, quando presidi a Academia Brasileira de Letras, nos anos de 98 e 99, produzi diversos audiobooks ou audiolivros, como querem alguns. Devo recordar alguns deles: Rachel de Queiroz, Austregésilo de Athayde, João Cabral de Melo Neto e Eduardo Portella. Como se vê, uma mistura de literatura e poesia, com a voz dos próprios autores.
É um santo remédio para pessoas com déficit de atenção e/ou dificuldades na leitura. Pode ser útil também no ajuste da velocidade da narração. Apesar de todos os avanços tecnológicos, não deixou de ter a sua utilidade.
É uma alternativa eficaz para pessoas com desafios de concentração, retenção de informações e processamento de leitura.
É sabido que diferentes áreas do cérebro são ativadas quando se faz a escuta de um livro. Quando se ouve fica tudo muito mais fácil. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 11 milhões de brasileiros são afetados pelo mencionado transtorno. O audiolivro funciona também para alunos cegos ou com baixa visão. Já existem muitos livros na internet para ajudar nesse processo. E também na Amazon, além das obras no Audible, Skeelo e Tocalivros.
Sabe-se que o TDH (déficit de atenção) infelizmente não tem cura, mas pode ser controlado por intermédio de remédios e terapias comportamentais. É assunto que precisa ser acompanhado pelos educadores, em benefício da relação ensino-aprendizagem.
Atenta ao que tudo isso representa, a Academia Brasileira de Letras tem realizado seminários sobre a matéria, ocasião em que coloca à disposição do público as obras de alguns dos seus mais importantes mitos. Faz essa programação de forma gratuita, o que facilita o acesso de um público cada vez mais expressivo de interessados. Uma das suas últimas apresentações colocou em foco o clássico "Dom Casmurro", uma das maiores obras de Machado de Assis. E assim virão outros livros do "Bruxo", como "Memórias Póstumas de Braz Cubas" e o seu romance, intitulado "Esaú e Jacob".
*Escritor. Mmebro da Academia Brasileira de Letras. Doutor Honoris Causa da Universidade Santa Úrsula