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Representação precisa ser qualificada

O que mais temos no Brasil são legisladores, em todas as instâncias (municipal, estadual e federal). Câmaras municipais, assembleias legislativas e o Congresso Nacional (Câmara e Senado) representam o poder político da federação, seguindo a premissa de que a representação dos atores políticos significa assegurar os direitos da população, e sobretudo, representá-la no parlamento.

Mas e quando parlamentares, no alto de sua arrogância se acham ''semideuses'' e seres celestiais, dotados de talentos imaginários no suprassumo da prepotência? Se esquecem de que só ocupam a cadeira de legislador, graças ao voto direto das camadas populares.

Se olharmos detidamente para diversas câmaras de vereadores, por exemplo, veremos figuras de toda sorte. E alguns casos, de todo azar!

O Correio da Manhã, em sua edição nacional desta última quinta-feira (19), publicou na página 14 (Sudeste) uma fala grotesca e infeliz de um vereador do município de São Roque, no interior do estado de São Paulo. O parlamentar, conhecido popularmente como Cabo Jean, do PL, em uma discussão com outro vereador, soltou a seguinte frase: "você manda talvez na sua casa, com as suas negas"... Sim! É inacreditável que um legislador profira uma declaração como essa. Uma expressão que representa uma mentalidade escravocrata e absolutamente arcaica. Um comportamento ainda enraizado por conta do racismo estrutural que, embora muitos possam negar, efetivamente existe. Uns negam por um profundo desconhecimento da nossa história. Outros, simplesmente por mau-caratismo, exemplificando muito bem a essência racista impregnada na sociedade.

A população brasileira, que até pouco tempo se dirigiu às urnas para que pudessem definir o destino de suas cidades, elegendo vereadores, prefeitos e vice-prefeitos pelo país, precisam se atentar quanto ao posicionamento dos que foram eleitos. E, mais ainda, anotar no "caderninho" o nome de quem fala ou comete atrocidades que ferem de morte princípios e garantias fundamentais. Afinal, a qualidade de nossa representação política sempre estará em jogo, ainda mais no Poder Legislativo, seja em qual instância for.