No início do século passado, o Estado do Rio de Janeiro apresentava uma agricultura com certa relevância. Ainda havia o café no Vale do Paraíba, a produção do açúcar e do álcool estava presente no norte do Estado e, mais adiante, surgiu o embrião de um uma fruticultura significativa.
O café volta timidamente, mas sem nenhum estímulo oficial. A cana de açúcar tem produção inferior a 10% do que era há meio século, a produção leiteira diminuiu e a laranja quase sumiu das regiões produtores, como Baixada, Itaboraí e Rio Bonito. A pesca é outra órfã do poder público.
O governo federal poderia criar uma linha de financiamento e isenções fiscais para dotar o norte e o noroeste do Estado de um sistema de irrigação e projetos de recuperação do solo. Afinal, o norte ganhou importância agrícola quando o governador Amaral Peixoto levou recursos para o saneamento de larga faixa de terras próxima a Campos dos Goitacazes. Ali mesmo, a produção do abacaxi já foi mais do dobro da atual. E a avicultura na região serrana sobrevive com dificuldade. Ali, a chamada agricultura familiar garante boa produção de frutas legumes e verduras com boa rentabilidade, mas também sem um programa que ajude a desenvolver a vocação e a boa mão de obra.
Nas administrações de Pezão e Dornelles, com boa gestão, percebeu-se alguma recuperação. O setor foi entregue a gente competente como Christino Áureo e Marcelo Queiroz. A Emater-RJ atua pelo idealismo de seu corpo técnico, pois também carece de recursos.
O setor não chega a 10% do PIB local. Poderia ser o dobro e com o dobro da produtividade. A começar pela cana e a revitalização das usinas paradas para atender ao mercado fluminense do álcool combustível e exportar pelo Porto Açu. O Vale do Paraíba tem mão de obra e terras que podem produzir, inclusive leite, e uma elite de tradição agrícola. Inacreditável a insensibilidade diante de assunto que tem reflexos sociais significativos.
O governo federal e o estadual poderiam se dar as mãos para resolver essa questão que pede mais vontade política do que recursos, que andam escassos.