Milton e suas sábias palavras

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"Tu quer que fale de Branca de Neve? De Donald Trump? Não, meu amor, vai falar de Clementina de Jesus, de Exu, de Laíla, porque escola de samba é negro, e os negros produziram a maior vitrine cultural do país para o mundo". Começamos este editorial hoje com o discurso de Milton Cunha, durante a transmissão da comemoração ao dia do samba, na Cidade do Samba, no Rio. O apresentador e carnavalesco expôs sua opinião e defendeu as escolhas de enredos, por parte das agremiações, diante de comentários, nas redes sociais, criticando temas ligados à cultura afro-brasileira.

Milton foi incisivo e didático ao responder tal crítica com argumentos plausíveis já que sim, o Carnaval no Brasil tem forte ligação e nasceu do povo negro e periférico. As primeiras escolas de samba, para quem não sabe, surgiram em comunidades do Rio, como forma de resistência, celebração da ancestralidade e afirmação cultural.

Para aqueles que criticam também a ligação da festa com religiões, é só pesquisar mais afundo que terá conhecimento de que as escolas sempre foram, desde o início, espaços onde os negros podiam expressar sua identidade e religiosidade, muitas vezes conectadas ao candomblé e à umbanda. E isso vemos até hoje, com enredos, sambas, fantasias e alegorias ligados às duas religiões.

Como disse Milton, as agremiações têm total liberdade de escolherem o tema que quiserem para o desfile. E nada mais justo que celebrar e lembrar, sempre, sobre suas origens, concordam?

Na prática, só quem já foi para o sambódromo, seja em qual cidade for, já sentiu a emoção do desfile. A energia, satisfação, sorriso e choro daqueles que se dedicam, o ano inteiro, para que o show seja feito. Para que o espetáculo seja apresentado da melhor forma possível. Mostrando nele, sua identidade, sua resistência, seu orgulho e o mais importante, que a cultura não tem distinção, não tem raça e muito menos religião. O carnaval é a nossa riqueza e merece respeito. Acima disso, as escolas merecem respeito e aplausos. Não importa o enredo. É uma luta de um povo que merece respeito. Respeito e mais respeito! Viva o Carnaval.