A inteligência artificial (IA) é uma das maiores revoluções tecnológicas do século XXI, abrindo caminhos inimagináveis para a criatividade, eficiência e inovação. Seu recente aparecimento impressiona qualquer pessoa diante sua multifuncionalidade. Porém, com grandes avanços vêm grandes responsabilidades que, atualmente, não estão sendo totalmente levadas em conta por inúmeras empresas que trabalham com essa tecnologia. Recentemente, casos como o da cantora Anitta, que questionou o uso de sua voz por um aplicativo sem sua autorização, escancaram uma questão ética urgente: até onde podemos ir com a IA antes de cruzar o limite do direito individual e do respeito ao próximo? Qual é o seu limite?
A capacidade da IA de replicar vozes, imagens e até personalidades de figuras públicas, além de formular texto ou responder questionamentos, impressiona pela precisão. Contudo, quando essas capacidades são exploradas sem consentimento, surgem problemas complexos e que devem ser levados a sério. Artistas têm suas vozes e imagens protegidas por direitos autorais, mas a tecnologia muitas vezes atua em uma área cinzenta, onde a legislação não consegue acompanhar esses avanços. A utilização de sua voz sem autorização não é apenas uma violação legal, mas também ética. A identidade vocal e visual de qualquer pessoa, seja famosa ou não, é uma extensão de sua personalidade e trabalho. Ninguém tem o direito de usufruir disso sem a devida autorização pessoal. Quem está recebendo por todo esse sucesso, a pessoa que teve sua voz 'roubada' ou os responsáveis pelo desenvolvimento do aplicativo? A resposta todos nós sabemos.
A questão vai além do direito autoral, tem a ver com controle sobre a própria identidade. Quando a Inteligência Artificial permite que vozes e imagens sejam utilizadas sem restrições, abre-se a porta para a manipulação de discursos, a disseminação de desinformação, as famosas fake news, e até mesmo o lucro às custas de outros.
Mesmo com o avanço e os benefícios da tecnologia para nós humanos, temos o dever que fazer com que ela cresça, com humanidade.