Quem já pisou em um barracão de escola de samba sabe: ali, cada mão que costura uma fantasia, cada pincelada de tinta em um carro alegórico, cada batida da percussão representa o sustento de uma família. O impacto econômico do carnaval vai muito além do Sambódromo e da festa que seduz o mundo inteiro. De acordo com a Riotur, empresa que gere a festa na capital do estado, o carnaval movimenta cerca de R$ 5 bilhões, gerando mais de 70 mil empregos diretos e indiretos. Isso é muita coisa.
O setor hoteleiro, por exemplo, registra ocupação de até 95% nos dias de folia, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-RJ). Restaurantes, bares, ambulantes e transporte também lucram. Em 2023, o Rio recebeu mais de 5 milhões de turistas, e cidades do estado vêm se beneficiando dessa riqueza.
As escolas de samba são o coração desse sistema. Elas dão trabalho a costureiras, artesãos, soldadores, eletricistas, aderecistas e uma infinidade de profissionais que fazem a mágica acontecer. A Fundação Getúlio Vargas (FGV) já apontou que o setor carnavalesco emprega diretamente 100 mil pessoas ao longo do ano. Isso sem contar os milhares de empregos temporários criados nos meses que antecedem os desfiles.
Em Maricá, a União de Maricá mostra como uma escola pode impulsionar a economia local. Com apoio da prefeitura, que investe na cultura e na formação de profissionais, a escola tem gerado renda para centenas ou milhares de pessoas. Os investimentos incluem capacitação e estrutura para os desfiles, garantindo que o talento local tenha espaço para brilhar.
Além de toda essa força econômica, o carnaval também é uma plataforma poderosa para contar a história do povo brasileiro. Os desfiles no Sambódromo são um espetáculo de memória e identidade, trazendo enredos que relembram momentos históricos, figuras icônicas e lutas populares que moldaram o Brasil. Essa riqueza cultural não apenas educa e emociona o público, mas também encanta espectadores de todo o mundo, promovendo nossa cultura em escala global.
O impacto não é apenas econômico, mas também social. O samba é uma alternativa para milhares de jovens em situação de vulnerabilidade. Projetos sociais ligados às escolas ensinam profissões, estimulam a cultura e ajudam a manter crianças e adolescentes longe da violência e da vulnerabilidade social.
Eu vivo essa realidade no Camarote Favela, um projeto que leva a energia das comunidades para o Sambódromo. Lá, vejo o impacto do carnaval na vida das pessoas. Desde a equipe de produção até os fornecedores, todos fazem parte desse ciclo econômico. O setor de entretenimento e eventos também movimenta bilhões de reais e gera milhares de empregos.
O carnaval é uma das maiores expressões culturais do Brasil e precisa ser visto como uma indústria que gera riqueza, emprego e oportunidades. Investir nessa fonte de riqueza não é gastar dinheiro com festa, mas apostar em um setor que sustenta milhares de famílias e movimenta a economia como um todo. O maior brilho das escolas de samba é o brilho de quem encontra no carnaval a esperança de um futuro melhor.
*Empreendedora. Primeira-dama de Maricá