Ano novo, dilemas velhos
As mudanças nas diretrizes do grupo Meta (que gerencia Facebook, Instagram e Whatsapp) trazem um velho dilema sobre limites, especialmente limites em veículos de rápida distribuição de informação e conteúdo. Parece um ciclo vicioso baseado em mudanças, regras e quebra dessas mesmas regras.
Segundo um levantamento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022 o Distrito Federal foi a unidade da Federação com o maior percentual de pessoas que usam internet diariamente no país, sendo 96% da população da capital federal (cerca de 2,7 milhões) acessando a internet todos os dias. E as redes sociais mais acessadas entre os brasilienses são Whatsapp, Instagram e Facebook, de acordo com um levantamento do Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF) de dezembro de 2022.
Diante disso, fazendo um recorte no DF, é inegável a forte influência do grupo Meta dentro da população (considerando jovens, adultos e idosos). E a forte influência de telas em nossas vidas é extremamente perigosa. Há poucos anos, o mundo foi forçado a ficar trancado em casa em decorrência da pandemia de covid-19. No isolamento social, a internet e as redes sociais viraram essenciais e foram de grande importância para manter as conexões e relações humanas, trabalhos, notícias, entretenimento e os meios possíveis para trazer uma adaptação em tempos de medo e incerteza.
Porém, assim como as relações humanas são complexas, pode-se se dizer que as redes sociais também são - afinal, são um reflexo daqueles que as manuseiam. Ao mesmo tempo que as redes sociais podem ser a ascensão de alguém, podem ser as responsáveis por sua queda. Ao mesmo tempo que trazem um vasto número de informações e conhecimento, destilam desinformação e mentiras em uma velocidade quase imparável.
Mas a desinformação, discursos cobertos de ódio (ainda que verdadeiros), violência e fatores que causam choque viralizam em altíssima velocidade - não por acaso vídeos de tragédias são tão acessados. E o perigo mora aí, em não ser guiado pela emoção ao acessar as redes sociais. Já que no ódio e na destilação de conteúdos nocivos estão fortes emoções negativas. Seres humanos são voláteis, muitas vezes guiados por preconceitos que podem ser quebrados eventualmente. Veículos tão utilizados no dia a dia e responsáveis por diversos empregos não deveriam ser guiados pela emoção. Mas, se não for assim, não lucra. E o ciclo se reinicia mais uma vez.