Curdos, palestinos e a autonomia política

Por Barros Miranda*

Há uma grande mística que ronda dois povos: os palestinos e os curdos. Ambos não tem estados próprios e vivem espalhados pelo mundo. Só que um está há anos em busca da autenticidade de seu território. O outro, busca a firmação para conquistar o seu país. Não por menos, os dois entram em conflitos eternos com seus inimigos, numa guerra praticamente sem fim.

É de notório saber que o grande erro da questão entre israelenses e palestinos se dá por uma falta de objetividade concreta da ONU no principal momento em que poderia se impor como um órgão para promover e disseminar a paz no mundo. Quando o parlamento do então recém-criado Estado de Israel aprovou Jerusalém como capital, enquanto a Assembleia-Geral da ONU discutia exatamente a internacionalização da cidade, nos idos de 1949, nada foi proposto para negar a resolução do parlamento israelense e fazer com que a região sagrada fosse algo similar ao que o Vaticano é nos dias de hoje. O resultado dessa questão são os anos infindáveis de conflitos no Oriente Médio, amplamente dominado por povos árabes, contra um pequeno território judeu, com saída para o mar.

Se o resultado dessa guerra, até hoje, provoca divisões entre países ocidentais e orientais, com a escalada de ajuda, principalmente dos Estados Unidos, grande apoiador de Israel, o grupo terrorista Hamas tem como pano de fundo a junção de vários rebeldes árabes no Líbano e na Síria, contra o "intruso" em suas terras.

Já os curdos, eles estão concentrados em uma grande área da Ásia, que engloba, Turquia, principalmente, Síria, Irã e Iraque. Desde a Idade Antiga, o povo busca obter sua autonomia política. Com a divisão do Império Turco-Otomano após o fim da Primeira Guerra Mundial — um tema bem peculiar para um artigo, tendo como base o livro "Era dos Impérios", do grande Eric Hobsbawm — lutou-se pela autonomia dos curdos e a criação do chamado "Curdistão", que na tradução para a língua portuguesa seria "Estado dos Curdos". Porém, os turcos foram contra a fundação do país e o povo ficou concentrado nas quatro nações citadas acima.

A consequência disso, os vários conflitos que acontecem na Turquia contra a população, que chega a casa dos 14 milhões. Muitos países são contra a autonomia do povo e não tem nehnum projeto para que o Curdistão possa nascer.

Obviamente que existem outras populações em busca de sua presença político-mundial, mas essas duas, em questão, são as mais em evidência, pelas décadas de lutas para ter reconhecimento. Resta saber até quando esses conflitos continuarão e quando os livros de Geografia terão, finalmente, o Estado da Palestina e o Curdistão destacados como países em seus mapas.

*Jornalista e Historiador