Crises que vai para além do clima

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O ano de 2025 mal começou, mas os sinais da crise climática já são impossíveis de ignorar. Chuvas intensas castigam o Sul e o Centro-Oeste do Brasil, enquanto o Nordeste enfrenta mais uma temporada de estiagem severa. Cenários opostos que, paradoxalmente, são frutos da mesma raiz: o agravamento das mudanças climáticas. Essa realidade, que se repete e se intensifica a cada ano, escancara não apenas a vulnerabilidade ambiental do país, mas também as desigualdades sociais que se agravam diante de tais eventos.

A crise climática não ocorre de forma isolada. Ela catalisa outras crises - humanitária, econômica, sanitária e política. No Sul, os temporais já resultaram em enchentes, penetração de terra e milhares de desabrigados. Além da perda de vidas, comunidades inteiras sofrem com a interrupção de serviços básicos, como energia e água potável. No Centro-Oeste, a intensidade das chuvas afeta plantações que são pilares do agronegócio, gerando prejuízos bilionários que podem impactar a economia nacional. Já no Nordeste, uma estiagem prolongada ameaça a segurança alimentar, dificulta o acesso à água e compromete atividades econômicas fundamentais, como a agricultura familiar, aprofundando ainda mais a desigualdade histórica da região.

A desigualdade é a marca registrada das consequências da mudança climática. Comunidades vulneráveis, sem infraestrutura adequada e recursos financeiros, enfrentam os maiores desafios para se adaptarem e se recuperarem dos impactos. Enquanto os temporais destroem casas nas periferias urbanas, as zonas rurais, sem tecnologia, ajudam à perda de safras e à migração forçada em busca de melhores condições de vida.