Por: Antonio Florencio de Queiroz Junior*

A economia do Rio e uma visão realista sobre crescimento consistente

É inegável que o Rio de Janeiro passa por um processo de reconstrução nos últimos anos, por vezes com ótimos avanços, por vezes com tropeços. E é normal que seja assim, em uma sociedade tão complexa e desigual como a nossa. Não se trata de defender visões otimistas ou pessimistas sobre nossa economia, uma vez que isso carrega uma certa dose de subjetividade. Mas o fato objetivo é que o Rio é resiliente e há inúmeros dados que mostram isso.

Tivemos de lidar com uma crise político-administrativa, crise econômica, crise sanitária, mas entramos no segundo quarto do século com motivos para um otimismo amparado por dados da realidade.

Os números mais recentes reforçam tendências dos últimos anos e indicam um cenário de recuperação consistente, sobretudo no setor de comércio e serviços. É um movimento que reflete não apenas uma retomada econômica, mas também a confirmação do Rio como um dos principais motores do turismo e da economia brasileira.

Os dados do Caged, do Ministério do Trabalho, mostram que o estado foi o segundo maior gerador de empregos formais do país em 2024, com quase 80% desse saldo proveniente do setor de comércio e serviços. O crescimento, verificado pelo IBGE, de 4% no setor de serviços em 2024 na comparação com 2023 é expressivo, superando a média nacional de 3,1%. No turismo, o Rio teve a maior alta da região Sudeste, atingindo 6,3% - quase o dobro da média nacional de 3,5%.

São dados que evidenciam um mercado dinâmico, que retoma sua força e se reafirma como um polo de atração econômica e cultural.

Há mais. Houve um aumento significativo na entrada de turistas estrangeiros, que cresceu 26% em 2024 em relação a 2023, segundo o Ministério do Turismo. Não se trata de um espasmo: em janeiro de 2025, esses desembarques já apresentavam uma alta de 46% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Esse movimento tende a se fortalecer com a aprovação do programa Tax Free, que incentivará ainda mais o consumo turístico. Grandes eventos e shows internacionais também voltaram a ocorrer no estado, consolidando o Rio como um epicentro cultural e econômico.

Ignorar esses dados e insistir em uma narrativa de decadência é desconsiderar os avanços recentes. O empreendedorismo no Rio, por vezes subestimado, também reflete esse momento positivo. Em janeiro deste ano, a Junta Comercial do Estado registrou 7.164 novos negócios, o maior número para o mês em mais de 200 anos de acompanhamento pela Junta, com crescimento de 29,5% em relação ao recorde anterior, registrado em janeiro de 2024. Isso evidencia o fortalecimento da confiança na economia local e a ampliação de oportunidades.

Naturalmente, o Rio ainda enfrenta desafios sérios, como educação e segurança pública. No entanto, os avanços econômicos e a estabilidade são sinais claros de que o estado está no caminho da recuperação - jamais no da "decadência" ou do "desastre", como indicado, de forma fatalista, em artigo publicado recentemente no jornal O Globo. Reconhecer isso não significa ignorar os problemas existentes, mas sim adotar uma visão realista e equilibrada sobre o presente e o futuro do Rio de Janeiro.

A cidade e o estado nunca deixaram de enfrentar dificuldades, mas sempre foram capazes de se reinventar e continuar exercendo um papel fundamental na economia nacional. Hoje, não é diferente. O Rio está crescendo, e reconhecer essa evolução, que carrega consigo consistência e estabilidade, é essencial para fortalecer ainda mais esse processo.

*Presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio RJ)