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Um choro que não pode ser ignorado

O episódio de racismo sofrido pelo jovem Luighi, jogador do Palmeiras, durante a Copa Libertadores Sub-20, é mais uma cena revoltante que expõe a persistência da discriminação racial no futebol. Em pleno século XXI, ainda presenciamos atletas negros sendo alvo de xingamentos e ofensas racistas nos estádios, muitas vezes sem qualquer resposta efetiva das entidades responsáveis.

O caso ocorrido no Paraguai, em que Luighi foi chamado de "macaco" por torcedores do Cerro Porteño e sua denúncia foi ignorada pelo árbitro, escancara a complacência e omissão que perpetuam esse tipo de crime. As lágrimas do jovem jogador representam não apenas sua dor pessoal, mas também o cansaço coletivo de atletas brasileiros que, ano após ano, são vítimas de racismo nos campos da América do Sul e da Europa.

Diante disso, o posicionamento das autoridades brasileiras foi correto e necessário. O Ministério do Esporte e o Ministério da Igualdade Racial encaminharam um ofício à Conmebol cobrando providências urgentes, reforçando a necessidade de ações concretas contra a injúria racial. Mas é preciso ir além: a indignação precisa se traduzir em punições severas e sistemáticas. Enquanto atos racistas forem tratados como episódios isolados e punidos com multas irrisórias ou sanções brandas, a impunidade seguirá sendo a regra.

A Conmebol e demais entidades esportivas precisam demonstrar compromisso real com a luta antirracista, punindo clubes cujas torcidas insistem em perpetuar esse comportamento abominável. A postura do árbitro, que ignorou a denúncia de Luighi, também deve ser alvo de investigação das autoridades.