Há 50 anos, a fusão entre o Estado da Guanabara e o Estado do Rio de Janeiro alterou profundamente a geopolítica fluminense. Em 15 de março de 1975, nascia um novo estado, com a antiga capital federal absorvida pela estrutura administrativa do Rio. Meio século depois, ainda debatemos os impactos dessa decisão e o que foi ganho - ou perdido - nesse processo.
A fusão, determinada pelo regime militar, visava fortalecer economicamente o antigo Estado do Rio, que enfrentava um esvaziamento progressivo após a transferência da capital do país para Brasília. Ao incorporar a próspera Guanabara, esperava-se equilibrar as finanças e criar um centro administrativo e econômico mais robusto. Contudo, a realidade mostrou que a integração não seria tão simples.
A antiga Guanabara possuía uma administração eficiente, uma infraestrutura urbana desenvolvida e uma identidade própria. Já o antigo Estado do Rio, com um perfil mais rural e dependente da indústria petrolífera, tinha desafios distintos. A unificação gerou disputas políticas e administrativas, além de um impacto significativo na economia, na distribuição de recursos e na governança.
Cinco décadas depois, os efeitos dessa fusão ainda reverberam. A Região Metropolitana do Rio concentra boa parte da população e dos investimentos, enquanto o interior do estado enfrenta dificuldades para se desenvolver de maneira equilibrada. O desafio da descentralização continua sendo um ponto sensível na agenda política.
No entanto, a fusão também trouxe avanços. O Rio de Janeiro consolidou-se como um dos estados mais relevantes do país, com um peso cultural, econômico e político inegável. O turismo, o setor petrolífero e a inovação tecnológica continuam sendo motores de desenvolvimento, mesmo diante das crises enfrentadas ao longo das décadas.
Chegamos a este marco dos 50 anos da fusão em um momento crucial. O Rio de Janeiro precisa de um novo projeto de crescimento, que valorize sua diversidade e enfrente os desafios da segurança, da mobilidade e da recuperação econômica. O passado nos trouxe aprendizados; o futuro exige ousadia e planejamento.
Mais do que uma fusão administrativa, o que precisamos agora é de uma fusão de ideias, de esforços e de vontade política para que o Rio de Janeiro - em sua totalidade - seja um estado próspero, inovador e socialmente justo.