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Instrumento para a evolução humana

A arte tem o poder de refletir, questionar e transformar a sociedade. No universo do cinema e das séries, essa função se torna ainda mais evidente quando produções abordam temas sensíveis e urgentes, como a influência das redes sociais na juventude, bullying, cyberbullying, fake news e até mesmo radicalização de jovens em comunidades virtuais.

A série recém-lançada pela Netflix, Adolescência, trouxe à tona a complexidade dessas questões ao explorar o termo "incel" (abreviação de involuntary celibate, ou celibatário involuntário), associado a uma subcultura de jovens frustrados socialmente, que frequentemente canalizam suas angústias em discursos de ódio. O impacto dessa discussão é imenso, pois expõe como o isolamento digital pode amplificar ressentimentos e influenciar comportamentos destrutivos. Algo que antes não era conhecido por muitos, após os quatro episódio da série, que está em alta no mundo todo, passou a ser pesquisado e debatido dentro de casas, em rodas de amigos e até mesmo nas escolas.

O bullying e o cyberbullying, por exemplo, há muito tempo são tratados como problemas individuais ou pontuais, mas obras audiovisuais demonstram que são sintomas de algo maior: uma estrutura social que frequentemente ignora a dor dos jovens até que tragédias aconteçam. A ficção tem a capacidade de mostrar não apenas as vítimas, mas também as motivações e inseguranças dos agressores, gerando uma visão mais ampla do problema.

Da mesma forma, as fake news são uma ameaça crescente, especialmente para os adolescentes, que muitas vezes não possuem o senso crítico necessário para filtrar o que consomem na internet. Séries que abordam esse fenômeno ajudam a criar conscientização e a ensinar o público jovem a identificar e questionar informações falsas, fortalecendo a cultura digital responsável.

Ao trazer esses temas para o mainstream, o audiovisual não apenas informa, mas também humaniza as narrativas, permitindo que o público se conecte emocionalmente com os dilemas apresentados. São produções que ampliam debates importantes, muitas vezes silenciados no cotidiano, e incentivam o diálogo entre jovens, pais e educadores.

Se o entretenimento tem um papel educativo e social, é essencial que cada vez mais filmes e séries continuem abordando essas questões. A cultura pop não deve ser apenas um reflexo da sociedade, mas também um instrumento para sua evolução.