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O caos é institucional e não individual

A fase ruim da Seleção Brasileira tem feito com que muitos jogadores sejam tratados como descartáveis, como se nunca mais pudessem vestir a camisa amarelinha. No entanto, essa visão simplista ignora o verdadeiro problema: a crise é institucional, não individual.

O futebol brasileiro sofre com um desarranjo estrutural que começa na Confederação Brasileira de Futebol (CBF), passa por escolhas equivocadas na comissão técnica e, por fim, reflete no desempenho dos atletas. Sim, há responsabilidade compartilhada, mas reduzir o fiasco a uma suposta incompetência dos jogadores é um erro.

As críticas ficaram ainda mais pesadas após a humilhante goleada sofrida para a Argentina na última terça-feira. O 4 a 1, fora o amasso dentro de campo, exaltou os ânimos dos mais críticos.

Basta observar nomes como Vinícius Júnior, Rodrygo e Raphinha. No cenário europeu, esses jogadores brilham, protagonizam grandes atuações e fazem a diferença em seus clubes. Então, por que não conseguem repetir esse desempenho na Seleção? A resposta está no caos organizacional que tomou conta do futebol brasileiro. A falta de planejamento e a descontinuidade no comando técnico, agora sob Dorival Júnior, resultam em uma equipe desorganizada, sem padrão de jogo e sem um ambiente propício para o alto rendimento.

A solução não passa por descartar talentos, mas por estruturar o futebol brasileiro de cima para baixo. Enquanto a gestão for tratada com amadorismo, trocar nomes no elenco será apenas um paliativo. O problema é muito maior do que os jogadores — e, se nada mudar, o futuro da Seleção seguirá nebuloso.