Durante décadas, o autismo foi um tema negligenciado por governos e pela sociedade em geral. O diagnóstico era difícil, o suporte quase inexistente e muitas famílias enfrentavam desafios imensuráveis sem qualquer respaldo. Felizmente, essa realidade tem mudado. Hoje, 2 de abril, Dia Mundial da Conscientização do Autismo, é uma oportunidade para refletirmos sobre os avanços conquistados e os desafios que ainda persistem.
O reconhecimento do Transtorno do Espectro Autista (TEA) como uma questão de saúde pública e inclusão tem sido impulsionado por leis, programas governamentais e benefícios sociais. No Brasil, por exemplo, a Lei Berenice Piana (12.764/2012) estabeleceu os direitos das pessoas autistas, equiparando-os a pessoas com deficiência para garantir acesso a serviços de saúde, educação e trabalho. Além disso, políticas como a Carteira de Identificação da Pessoa com TEA e a inclusão no Benefício de Prestação Continuada (BPC) têm sido passos importantes para garantir qualidade de vida e suporte às famílias.
Um dos avanços mais significativos nos últimos anos foi o aumento do diagnóstico em adultos. Antes, o autismo era amplamente associado apenas à infância, e muitas pessoas passaram a vida inteira sem entender suas dificuldades. Hoje, com maior acesso à informação e profissionais capacitados, cresce o número de adultos que descobrem, tardiamente, que fazem parte do espectro. Esse diagnóstico tardio não apenas proporciona um entendimento melhor de si mesmos, mas também abre portas para adaptações que podem melhorar sua qualidade de vida.
Além do aspecto legislativo e diagnóstico, a tecnologia tem sido uma grande aliada das pessoas autistas. Ferramentas como aplicativos de comunicação alternativa, realidade virtual para desenvolvimento de habilidades sociais e softwares de ensino adaptativo estão revolucionando a maneira como autistas interagem com o mundo. No ambiente educacional, essas inovações têm possibilitado a inclusão efetiva de alunos com TEA, respeitando suas particularidades e oferecendo recursos personalizados para a aprendizagem.
No entanto, ainda há um longo caminho a percorrer. Muitas famílias continuam enfrentando dificuldades para acessar tratamentos adequados, o mercado de trabalho ainda precisa se tornar mais inclusivo e a sociedade, de maneira geral, precisa evoluir para compreender melhor as diferentes formas de ser e existir dentro do espectro.
O autismo não é uma condição rara, tampouco um assunto que pode ser tratado com descaso. Ao torná-lo pauta prioritária em governos, leis e programas, estamos garantindo um futuro mais inclusivo e acessível. Neste 2 de abril, mais do que vestir azul, é essencial continuar promovendo conhecimento, empatia e políticas públicas que assegurem dignidade e respeito às pessoas autistas.