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Comemorar o acesso e lutar pela qualidade

Os dados divulgados pelo Censo Escolar 2024 trazem uma boa notícia: o número de matrículas no ensino médio voltou a crescer. Em 2023, foram registradas 7,8 milhões de inscrições nessa etapa tão importante para a educação básica, representando um avanço de 1,5% em relação ao ano anterior. Após anos de queda impulsionada, em parte, pelos efeitos da pandemia de covid-19, o crescimento sinaliza uma importante reversão de tendência.

Trata-se, sem dúvida, de um feito que deve ser celebrado. A ampliação do acesso ao ensino médio é uma conquista em um país marcado por desigualdades profundas e desafios estruturais. Programas como o Pé-de-Meia, que oferecem incentivos financeiros para que jovens em situação de vulnerabilidade permaneçam na escola, começam a dar sinais de efetividade.

Contudo, é preciso ir além da comemoração. O Brasil precisa entender que educação não é apenas número — é base. Um país que deseja se desenvolver de forma sustentável, reduzir desigualdades e oferecer oportunidades reais à sua população precisa ter a educação como um de seus pilares mais sólidos. E isso significa investir não apenas em acesso, mas, sobretudo, em permanência qualificada.

Não adianta encher as salas de aula se elas não forem ambientes de aprendizado verdadeiro. Não basta matricular milhões se esses estudantes não tiverem professores valorizados, currículo relevante, estrutura adequada e políticas públicas consistentes que garantam trajetórias escolares exitosas.

A escola precisa fazer sentido para o jovem. Precisa dialogar com suas realidades, oferecer perspectivas de futuro e preparar para os desafios do século XXI.