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Painéis: vitória de Brasília

Quando Lúcio Costa e Oscar Niemeyer criaram a imensa obra de arte que é Brasília, grande parte da sua concepção está no que chamaram de "escala de monumentalidade". Brasília é maravilhosa vista de perto ou vista de longe justamente por causa desse conceito.

Boa parte desse conceito reside no aproveitamento do amplo Planalto Central para a construção de uma cidade sem obstáculos visuais. Na qual, portanto, tudo pode ser admirado sem nada que polua a atenção. Sem nada que desvie o olhar ou distraia a atenção.

Os enormes, feios, de mau gosto painéis eletrônicos que se espalham pela cidade são a antítese desse conceito. Enfeiam a cidade. Nada têm de harmonia com as grandes esculturas de concreto em forma de prédio que os dois gênios da arquitetura espalharam pela cidade. Não têm a necessária elegância para serem admirados. São uma invasão brega e inoportuna dos espaços de monumentalidade de Brasília. São aquilo que Caetano dizia em "Sampa": "A força da grana que (...) destrói coisas belas".

Felizmente, graças às denúncias de William França na coluna Brasilianas deste Correio da Manhã, esse crime contra o conceito monumental de Brasília está sendo contido. O Ministério Público interveio e o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-DF) fez um acordo no qual se compromete a retirar todos esses abortos eletrônicos das vias públicas da cidade.

É uma importantíssima vitória de Brasília às vésperas de completar seus 65 anos. O lindo céu-mar de Brasília volta a ser somente o que os motoristas verão no horizonte. Suas atenções não serão mais desviadas para pseudonotícias e feias propagandas.

Que a determinação do Ministério Público sirva de exemplo para que os conceitos e regras dessa linda senhora de 65 anos sejam sempre respeitados. E nunca mais venham a ser corrompidos.