Por: 'Da Redação

Uma história sobre Brasília

Ainda há quem pense que Brasília surgiu do nada, sobre um território vazio e sem história.
É essa ideia, tão equivocada quanto persistente, que o espetáculo “Contos da Terra Vermelha” busca desconstruir. Criado pelo grupo “Paepalanthus”, o projeto resgata a memória ancestral do Planalto Central, ocupada por indígenas, quilombolas e sertanejos
muito antes da construção da Capital Federal.É uma boa proposta para apresentar uma visão nova sobre a capital no seu aniversário de 65 anos. Afinal, como dizia Vinicius de Moraes no início da sua “Sinfonia da Alvorada”, composta com Tom Jobim para a inauguração de Brasilia, “De repente, era o ermo”. Na verdade, não era. Há uma história anterior ao início da saga da construção de Brasília. E o Planalto Central, onde a capital foi construída, não era exatamente o “ermo” sugerido pelo Poetinha. 


A proposta do espetáculo é clara: valorizar a história invisibilizada que habita o solo vermelho do Distrito Federal há mais de 10 mil anos. Com uma linguagem que une teatro de sombras, música ao vivo, elementos cênicos e narração oral, o espetáculo transforma o palco em sala de aula e a arte em ferramenta de educação patrimonial.


Além das apresentações em escolas públicas de Taguatinga, o projeto oferece uma palestra
sobre arqueologia indígena, promove rodas de conversa com estudantes e professores,
e distribui cartilhas educativas, incentivando a refl exão, o diálogo e o fortalecimento da memória coletiva desde o ensino fundamental.

Brasília não começou em 1960. Essa é apenas uma parte da narrativa, que ignora, na verdade, grande parte da sua história. Contar a história da capital sem reconhecer as raízes que a antecedem é perpetuar o apagamento de povos e culturas que moldaram este território. “Contos da Terra Vermelha” é um ato de resistência poética, um chamado à consciência histórica e um convite para enxergar Brasília como ela realmente é: plural, ancestral, resiliente e profundamente viva. Esse projeto pode ser visto e acompanhado de perto através das redes sociais: instagram.com/paepalanthus.