Acusada pelo triplo homicídio qualificado dos pais e do irmão adolescente, Anaflávia Martins Gonçalves foi condenada no início da madrugada desta quarta-feira (14) a uma pena de 61 anos, cinco meses e 23 dias de prisão, em júri popular ocorrido no Fórum de Santo André, no ABC.
Além dela, outras duas pessoas foram condenadas pelas mortes de Romuyuki Gonçalves, 43, de sua mulher, Flaviana Gonçalves, 40, e do filho do casal, Juan Gonçalves, 15.
A namorada da filha do casal, Carina Ramos de Abreu, foi condenada a 74 anos, sete meses e dez dias de prisão. Guilherme Ramos da Silva recebeu uma pena de 56 anos, dois meses e 20 dias de prisão.
Todas as penas são em regime inicial fechado. O advogado de Anaflávia e Guilherme, Leonardo José Gomes, afirmou que vai recorrer da sentença. A defesa de Carina não foi localizada. O julgamento foi iniciado na manhã de segunda-feira (12).
Segundo a decisão da Justiça, devido à gravidade do crime os três não poderão recorrer em liberdade e seguirão presos nas unidades em que já se encontram.
Os irmãos Juliano Oliveira Ramos Júnior e Jonathan Fagundes Ramos tiveram o júri desmembrado dos demais. De acordo com o Tribunal de Justiça de São Paulo, o julgamento deles deve ocorrer em 21 de agosto.
Os réus são denunciados por triplo homicídio qualificado -motivo fútil, emprego de meio cruel e uso de recurso de dificultou a defesa das vítimas-, ocultação de cadáver, roubo e formação de quadrilha.
Os três réus foram ouvidos na segunda-feira -Anaflávia foi a primeira a prestar depoimento-, assim como testemunhas, entre elas o delegado que cuidou do caso e a avó materna de Anaflávia, Vera Conceição, e uma funcionária que trabalhava no quiosque da família em um shopping-center.
Nesta terça, com a sessão iniciada às 11h40 pelo juiz Lucas Tambor Bueno, debateram acusação e defesa.
Os corpos das vítimas foram encontrados no carro da família, um Jeep Compass, na madrugada de 28 de janeiro de 2020. Anaflávia e Carina foram presas no dia seguinte, e os outros suspeitos, dias depois.
O júri chegou a ser adiado quatro vezes, a mais recente em novembro do ano passado, devido à ausência de ao menos quatro testemunhas e de um advogado de defesa.
Na ocasião, a Folha de S.Paulo conversou os advogados dos acusados. A defesa de Guilherme afirmou que ele estava ciente somente do roubo. Da mesma forma, a defesa de Carina disse que ela havia confessado ter arquitetado o roubo, mas negava os homicídios.
A advogada de Juliano e Jonathan afirmou, por sua vez, que os irmãos se uniram para cometer crime patrimonial, e não crime contra a vida. Ainda segundo a defesa dos irmãos, as mortes foram planejadas e executadas por Anaflávia e Carina.
Um advogado do casal, que em novembro já havia abandonado o caso, afirmou inicialmente que ambas disseram ter planejado um assalto à família de Anaflávia e que foram pegas de surpresa com a violência, que resultou no triplo assassinato. A motivação para o crime, segundo investigação da Polícia Civil, seria o fato de o grupo não ter encontrado dinheiro na casa das vítimas.