Mover-se com destreza tanto no solo quanto no ar é a expertise técnica do Grupo Devoar, fundado por Mariana Medina, que desde 2013 oferece aulas de acrobacia aérea em sua sede em Botafogo. Nesta semana, a trupe voadora encena o espetáculo "Vestidas de Vento" no Teatro da Caixa - Nelson Rodrigues.
"Vestidas de Vento" tem como eixo central o circo contemporâneo e retorna aos palcos com incentivo da Prefeitura do Rio de Janeiro e da Secretaria Municipal de Cultura, por meio do Programa de Fomento à Cultura Carioca (Foca) e da Caixa Cultural.
Nesta apresentação a idealizadora do Devoar reúne seis acrobatas mulheres - Amanda Pontes, Ana Cecília Menescal, Julia Sève, Lua Couto, Maju Houri e Vitória Studart - que se expressam com a linguagem do circo contemporâneo trazendo à tona a visão artística de Mariana, que também assume a direção da obra.
Para além dos limites da virtuose tradicional circense, o grupo investe na composição estética do espetáculo e evoca a imagem de um corpo para além do vestido, corpos em devir.
Num cenário repleto de folhas secas o público é convocado de maneira sensível a refletir essas questões que guiam o desenvolvimento da performance, resultando em uma experiência que transcende a simples exibição de habilidades físicas. Em vez disso, "Vestidas de Vento" mergulha fundo na exploração das subjetividades, ora direcionando o olhar do espectador para dispositivos que, como códigos sociais, moldam corpos femininos, ora para encontros que produzem vento e liberdade.
Esta montagem marca a estreia do grupo e ganhou vida pela primeira vez, em 2019 no Solar de Botafogo, quando teve a circulação interrompida por conta da pandemia do coronavírus. "Nesse hiato o mundo se modificou, então essa temporada contempla tanto a apresentação de um novo aparelho, quanto a transformação pelo tempo dos corpos e das vísceras (matéria-prima no nosso labor), dos pensamentos e modos de vida" destaca Mariana.
A narrativa do espetáculo faz uso de tecidos, trapézios, lira e corda lisa que dialogam com outros elementos na composição cênica. "Sabe aquela sensação de vento no rosto...vento na nuca...vento dentro.... não o enxergamos, mas o sentimos.... Em Vestidas de Vento, o elemento que compõe nosso título guia a atmosfera do espetáculo, sobretudo porque se estabelece muito mais na dimensão do sensível, do que do inteligível", observa a diretora.
SERVIÇO
VESTIDAS DE VENTO
Teatro da Caixa - Nelson Rodrigues (Av. República do Paraguai, 230 - Centro)
Até 10/9, sexta e sábado (19h) e domingo (18h) | Ingresso: R$ 20