"Vai, vai, vai começar a brincadeira / Tem charanga tocando a noite inteira / Vem, vem, vem ver o circo de verdade / Tem, tem, tem picadeiro e qualidade". Picadeiro, circo, malabares, trapézio, mágico, mas o melhor são os palhaços.
Palhaços, assim eram chamados na Idade Média porque suas vestes eram feitas de palha. Esse personagem está, de várias formas, em diferentes manifestações, em todas as culturas. Seu arquétipo nos remete a algo ancestral: o tipo que mistura ingenuidade e, contraditoriamente, esperteza, para representar a incapacidade humana de não acertar mesmo tentando fazer o que considera certo. E são seus erros, porque o resultado é tosco, que nos levam a rir.
O palhaço é um livre atirador, uma interpretação que pode nas ruas, em desfiles ou festas, sem a pretensão de uma formalidade cênica em locais como palco ou picadeiro. Os gestos, os figurinos, a maquiagem são pensadas no exagero como formar de deixar claro a contradição de um ser atrapalhado, confuso, mas que é capaz de provocar a mais importante das emoções, o riso, a gargalhada.
Ricardo Riguetti tem mais de 44 anos dedicados à arte do teatro circense e da poética do palhaço. Da sua vasta trajetória, 35 anos são dedicados ao Grupo Off-Sina e 11 à Escola Livre de Palhaço (Eslipa), organização com tradição de excelência no expansão da arte da palhaçaria. Além das aulas de palhaçada e brincadeira, a Eslipa oferece oficinas integradas e complementares de música, magia cômica, mímica, quedas e cascatas, história do circo, corpo afetivo, contato e improvisação, manipulação de objetos, gestão cultural, projetos, palavra em verso, dramaturgia, filosofia e teatro. No fim de cada módulo, há apresentação de dois espetáculos gratuitos.
A Eslipa inicia as atividades de sua turma de 2024 com seminário e aulas. A conclusão do primeiro módulo será nste sábado e domingo (2 e 3), às 17h, com apresentações de espetáculos gratuitos no Largo do Machado. No sábado, será exibido o solo "Magia", estrelado pelo palhaço Biribinha, mestre desta primeira etapa, e seus alunos.
No domingo, alunos e ex-alunos da escola de formação de palhaços e palhaças apresentam "Porque te amo!", dirigido por Richard Riguetti, com vários desdobramentos sobre o amor, incluindo uma homenagem póstuma à Julieta Hernández, a palhaça Miss Jujuba, ex-aluna da Eslipa. O curso reúne 30 palhaços de todo o Brasil e da América Latina, e os eventos celebram o retorno da ocupação da sede pública da Eslipa e do Grupo Oficina, o Largo do Machado.
O alagoano Teófanes Silveira, o Palhaço Biribinha, vai apresentar "Magia", cenas de seu primeiro espetáculo solo de palhaço, criado em 2016, quando completou 60 anos de carreira. Com dramaturgia de Geovane Mascarenhas e direção de João Lima, a peça apresenta um personagem que tem que encarar situações e momentos em que a vida pode estar um pouco "sem cor", mas com ajuda do público conseguirá a "Magia' necessária para transformar essas adversidades em grandes oportunidades e realizações.
O espetáculo, que une circo e teatro, inspira-se em Chaplin, e em sua visão da vida, de que é preciso procurar transformar a dor em alegria. Essa ideia norteará a trama de forma alegre, mas também veremos momentos em que o público e o artista são desafiados a superar as adversidades. "É uma alegria oferecer ao público uma oportunidade de ser parte do espetáculo junto comigo", adianta Biribinha.
SERVIÇO
MAGIA - PALHAÇO BIRIBINHA E ALUNOS
Largo do Machado
2/3, às 17h
Grátis
PORQUE TE AMO - RICHARD RIQUETTI, ALUNOS E EX-ALUNOS DA ESLIPA
Largo do Machado
3/3, às 17h
Grátis