Espaço para pets ganha peso na escolha da casa própria

Focadas nos cachorros, áreas trazem equipamentos de treino e brinquedos para os bichos gastarem energia

Por Ana Paula Branco

Pets estão em alta

A procura por uma companhia fiel para enfrentar o isolamento da pandemia fez o Brasil terminar 2021 com quase 150 milhões de animais de estimação em casas ou apartamentos.

O crescimento, de aproximadamente 4% em relação ao ano anterior segundo levantamento do IPB (Instituto Pet Brasil), reverbera em diversos setores da economia do país.

No mercado imobiliário, os bichos recebem atenção já nos estandes de vendas "pet friendly" e ganham espaços cada vez maiores e mais exclusivos nos condomínios.

Em geral, os locais têm forração de grama e equipamentos como rampas, túneis, brinquedos e obstáculos de corrida para os animais gastarem energia fora do apartamento.

"Até dez anos atrás, víamos que havia uma demanda localizada nos bairros nobres. Agora, o peso desse item aumentou para todo mundo. É essencial ter um pet place no prédio hoje. Não é mais tendência, é obrigação", afirma Lucas Araújo, diretor de marketing e inteligência da Trisul.

Para a Fibra Experts, os pet places são hoje espaços fundamentais, assim como a piscina ou o salão de festas.

Entre os itens disponibilizados nestes espaços estão os desafios de agility, além de piso permeável e bancos para os tutores.

Alguns empreendimentos têm ainda área para receber empresas de banho e tosa.

Os cães estão no foco de construtoras, já que são maioria entre os bichos nos lares brasileiros. Há 58 milhões, aponta o instituto –é mais do que o dobro de gatos.

A presença dos animais muda as prioridades de quem procura o lugar ideal para morar e faz dos espaços pet um diferencial de alto valor.

"Em uma pesquisa com nossos clientes, quase 40% escolheram o imóvel pelo pet place", afirma Marcelo Dzik, diretor de incorporação da Even.

"É um espaço onde o cachorro consegue gastar energia e também de convivência para os condôminos", diz Penélope Bernardo, superintendente de desenvolvimento de produto da Trisul.

Segundo pesquisa da plataforma Apto feita a pedido da Folha, o pet place na área comum faz parte dos lançamentos para todas as faixas de renda. O apartamento mais barato que conta com o espaço custa R$ 138 mil, e o mais caro vale mais de R$ 7 milhões.

O local reservado costuma ficar oposto aos dormitórios, playgrounds e salões de festas, para não haver interferência nas outras áreas comuns. Há ainda a preocupação com a segurança.

"Pensamos desde anteparos e quais espécies de plantas serão colocadas no pet place até a lavanderia exclusiva para roupas e acessórios dos animais", afirma Dzik.

Dados do IPB mostram que setor de produtos, serviços e comércio de bichos de estimação ultrapassou a marca dos R$ 51,7 bilhões pela primeira vez no ano passado.

A estimativa do instituto, com base no desempenho do primeiro semestre, é de que o faturamento do setor atinja R$ 59,2 bilhões em 2022.

Para a Tecnisa, com mais cães e gatos do que crianças nos lares brasileiros, a preocupação com o bem-estar dos animais fez a sociedade se adaptar à presença constante deles.

A empresa entrega seus novos empreendimentos com espaço para a prática de agility. O esporte consiste em fazer o cão percorrer o circuito no menor tempo possível e com o menor número de faltas.

Alguns condomínios permitem que os moradores contratem treinadores ou adestradores para seus animais. As construtoras estão entrando nesse nicho.

"Além dos espaços físicos, queremos oferecer serviços por meio de parcerias com empresas de treinamento, cuidadores e hotéis, atribuindo mais valor ainda ao imóvel", diz o diretor da Even.