O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta terça-feira (3) que acertou a convocação de 625 novos agentes da PF (Polícia Federal) e o mesmo número da PRF (Polícia Rodoviária Federal).
O número ficou abaixo da expectativa criada pelo próprio presidente no dia anterior, quando sinalizou que poderia abrir até mil vagas para cada carreira neste ano.
"Ontem foi acertado mais 625 vagas para cada força. Foi o que deu para fazer com o PLN 1 [projeto que abriu crédito para gastos com pessoal]", disse Bolsonaro a apoiadores nesta manhã.
"Os demais, vai ter outra oportunidade [para chamar] talvez este ano acabando eleições", afirmou ainda em frente ao Palácio da Alvorada. A declaração foi divulgada por uma página bolsonarista no YouTube.
As reiteradas promessas não cumpridas de Bolsonaro têm desagradado às entidades que representam os agentes da PF.
"Tudo que foi possível fazer eu fiz, inclusive vocês já são excedentes", disse ainda Bolsonaro.
O presidente também está sob pressão de diversas categorias do serviço público que cobram reajustes de salário. Os servidores do Banco Central retomam a greve por tempo indeterminado a partir desta terça-feira (3).
A ideia de Bolsonaro era conceder reajustes apenas para agentes da PF, PRF e Depen (Departamento Penitenciário Nacional), mas ele recuou e estuda um aumento linear de 5% a servidores federais.
Este percentual "desagrada a todo mundo", mas que é o possível, reconheceu o próprio Bolsonaro na última semana.
Na segunda-feira (2), Bolsonaro telefonou ao ministro da Justiça, Anderson Torres, em frente aos apoiadores, e pediu um "aditivo" para ampliar as vagas para a PF e PRF.
Bolsonaro havia dito, em mais de uma ocasião, que o governo conseguiria convocar 500 agentes de cada carreira neste ano. Ele sinalizou que este número poderia dobrar durante a ligação.
"Você tem capacidade [de] passar para mil cada um? Acha que dá para resolver? Então faz um aditivo, pede mil vagas, já que você está no limite teu, para mil vagas para cada lado. Pode ser?", disse Bolsonaro ao ministro da Justiça por telefone.
Na chamada, o presidente também pediu para Torres conversar com a Economia sobre o aumento das vagas às polícias.
Pressionado, Bolsonaro tem se esquivado de críticas de servidores que cobram reajustes e reestruturação de carreiras.
"Coloquei na mesa o problema. Vamos lá, estou agora aguardando sugestões de vocês", afirmou o presidente em entrevista à rádio Metrópole FM, de Cuiabá (MT), no último dia 29.
Na mesma fala, Bolsonaro disse que estuda igualar o teto das carreiras de policiais rodoviários federais e de agentes da polícia federal.
"Como vai se comportar a Polícia Federal? Vai dizer que é contra? Entrar em greve? Peço a todos que estão me ouvindo: se coloquem no meu lugar, apresentem alternativas", afirmou o presidente à rádio.
"Quero ajudar a todos os servidores no Brasil, sempre defendi o reajuste. Mas não tem como dar mais do que temos nesse momento [5%], custa R$ 7 bilhões", declarou ainda, na semana passada.
Como antecipou o jornal Folha de S.Paulo, Bolsonaro decidiu, em reunião no dia 13 de abril, conceder um reajuste de 5% para todos os servidores públicos federais a partir de 1º de julho, mesmo sem espaço suficiente no Orçamento.
O Orçamento de 2022 só tem reservado o valor de R$ 1,7 bilhão para reajustes ou reestruturações de carreiras de servidores neste ano. A ideia de Bolsonaro era só privilegiar agentes da polícia.
O custo total do reajuste linear de 5% é estimado em R$ 7,9 bilhões em 2022, o que irá forçar cortes de verbas em outras áreas.