Por: Rudolfo Lago

Lula dá posse quase secreta aos novos ministros do Centrão

Lula e seus novos ministros: cerimônia envergonhada e sem público | Foto: Ricardo Stukert/PR

Na avaliação de muitos no Congresso, a forma como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu posse aos seus dois novos ministros, André Fufuca, do Esporte, e Silvio Costa Filho, de Portos e Aeroportos, foi um claro sinal de contrariedade. Lula não estaria fazendo algo por vontade própria, mas por imposição do Centrão. Lula deu posse aos novos ministros numa cerimônia fechada, quase secreta, envergonhada, sem público, dentro do seu próprio gabinete.

Além do presidente e dos dois novos ministros, estavam presentes no gabinete presidencial no Palácio do Planalto o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o ex-ministro de Portos e Aeroportos e agora ministro da Pequena e Média Empresa, Marcio França, e familiares dos empossados.

Lula posou para fotos com os novos ministros. Ele e os dois novos integrantes do primeiro escalão, vindos do Centrão, fizeram um sinal de positivo, com o polegar para cima, na foto. Curiosamente, Marcio França, não.

O formato destoou do que aconteceu no início de agosto, quando tomou posse no Ministério do Turismo Celso Sabino, em substituição à deputada Daniela Carneiro (União-RJ). Como Sabino, os dois novos ministros são imposição do Centrão, grupo comandado na Câmara por Arthur Lira.

Sem público

Celso Sabino foi uma exigência do União Brasil. O marido de Daniela, o prefeito de Belford Roxo, Waguinho Carneiro, trocou o União pelo Republicanos, indicando que Daniela deverá fazer o mesmo na janela partidária. O União, então, reivindicou o cargo para outro nome da legenda. Escolheu-se Celso Sabino, amigo de Arthur Lira. Na sua posse, no Salão Nobre do Palácio do Planalto, estiveram presentes diversos parlamentares do Centrão, incluindo o próprio Lira. Na ocasião, porém, já tinha chamado a atenção o fato de Lula não ter feito discurso.

A entrada de Fufuca, do PP, e Silvio Costa Filho, do Republicanos, no governo foi uma imposição negociada no final do primeiro semestre, dentro dos acordos para a aprovação do arcabouço fiscal e da reforma tributária. O Centrão reivindicou os cargos, Lula aceitou, mas levou três meses para consumar a troca.

Durante esse período, diversos desenhos de substituição foram feitos. O PP de André Fufuca ambicionava o Ministério do Desenvolvimento Social, e Lula chegou a cogitar entregá-lo, retirando dele o Bolsa-Família. Ao final, Lula preservou o atual ministro, Wellington Dias. O desenho acabou recaindo por Esporte e Portos e Aeroportos.

Nesse processo, perdeu o cargo a ex-atleta do vôlei Ana Moser, que era ministra do Esporte. E Márcio França foi deslocado de Portos e Aeroportos para o novo Ministério da Pequena e Média Empresa para dar lugar a Costa Filho. Não sem reações, especialmente do PSB de Márcio França, que se sentiu desprestigiado.

Lula não quis dar a Arthur Lira palco maior para brilhar diante da posse dos novos ministros que apadrinhou. Daí, a opção pela cerimônia fechada. Nos bastidores, porém, o Centrão deu mostras de não ter gostado da manobra de Lula. Publicamente, porém, Arthur Lira não passou recibo. Afirmou que isso não importava, tanto que ele compareceu ao ato de posse.

Ana não foi

À tarde, os novos ministros assumiram seus cargos nos ministérios. No Esporte, Ana Moser não transmitiu o cargo para André Fufuca, demonstrando a sua contrariedade. Fufuca foi receibdo pelo chefe de gabinete do ministério, José Armando Fraga Diniz Guerra, e pela secretária-executiva, Juliana Agatte.

Já Márcio França transmitiu o cargo para Silvio Costa Filho, que chorou e se emocionou ao discursar. Costa Filho agradeceu a oportunidade dada por Lula. E indicou que trabalhará para levar o Republicanos para mais próximo da base. “Não é hora de divergências. É hora de convergências para a gente trabalhar por um Brasil melhor”, discursou o novo ministro.

Já Márcio França disse ainda não saber bem o que fará seu novo ministério. Segundo ele, ainda “há detalhes” a serem discutidos. França nem sabia direito o nome do Ministério. “Acho que não entrou micro”, disse ele. O Ministério vai se chamar do Empreendedorismo, da Micro e Pequena Empresa.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.