Operação da PF desgasta Braga Neto
Ex-candidato a vice de Bolsonaro diz que ação tem "orientação política"
Depois do ex-presidente Jair Bolsonaro, que vem sendo investigado pela suposta venda de joias e outros presentes recebidos como chefe de Estado e por envolvimento em supostos atos golpistas, agora uma nova operação da Polícia Federal desgasta seu candidato a vice no ano passado, o general Walter Braga Neto. A Operação Perfídia investiga supostas fraudes em compras feitas por militares durante a intervenção federal no Rio de Janeiro em 2018, que teve Braga Neto como comandante..
O general não foi ele mesmo alvo das operações de busca e apreensão ocorridas ontem. Mas teve quebrados seus sigilos telemático e telefônico. Assim como Bolsonaro, Braga Neto também está filiado ao PL, e hoje trabalha em sala ao lado da do próprio Bolsonaro na sede do partido em Brasília. O PL aposta no seu potencial eleitoral, justamente pelo fato de ter sido o interventor no Rio. Está nos planos do partido lançar o general como candidato à prefeitura do Rio. Por isso, Braga Neto reagiu à operação afirmando que ela teria “orientação política” para desgastá-lo.
Segundo informações da PF, porém, já há informações que apontam para irregularidades cometidas por empresas, lobistas e militares na aquisição de materiais durante a intervenção. Como a compra, com dispensa de licitação, de 9.360 coletes à prova de bala pela empresa norte-americana CTU Security LCC com um sobrepreço de R$ 4,6 milhões. O contrato, porém, acabou cancelado e o valor estornado.
A juíza Caroline Figueiredo, da 7a Vara Federal Criminal do Rio, que autorizou a operação, afirmou que o cancelamento do contrato não afeta os supostos crimes cometidos: advocacia administrativa, dispensa ilegal de licitação e corrupção.
Braga Neto, por sua vez, rechaçou os argumentos. Segundo ele, todos os contratos do Gabinete de Intervenção Federal seguiram todos os trâmites legais.
Haveria também informações de reuniões dos lobistas e empresários envolvidos com Braga Neto, seja como interventor como depois que se tornou ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro.
Desgaste
Embora Braga Neto não tenha sido alvo da operação no primeiro momento, a avaliação no PL, conforme apurou o Correio da Manhã, é de que seus desdobramentos têm por objetivo desgastar o general, uma vez que era ele quem comandava a intervenção.
Do ponto de vista político, é justamente o fato de ter sido o interventor que credencia Braga Neto como possível candidato do PL à prefeitura do Rio.
Depois do desgaste para Bolsonaro por conta das investigações que já o atingem – e que atingem também Michelle Bolsonaro, outro nome em que o PL aposta politicamente –, a operação agora atinge também Braga Neto, criando novos prejuízos para o núcleo ligado ao ex-presidente.