PGR pede afastamento do governador do Acre por corrupção
Gladson Cameli foi denunciado por cinco crimes
O governador do Acre, Gladson Cameli (PP), foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por corrupção, organização criminosa, peculato, lavagem de dinheiro e fraude a licitação. A PRG pediu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) que ele fosse afastado do cargo na última quinta-feira (30) enquanto durarem as investigações. No total, seus crimes teriam acarretado prejuízo de R$ 150 milhões aos cofres públicos.
A denúncia é contra Cameli e outras 12 pessoas, incluindo sua esposa e dois irmãos. O governador está em Dubai, para a COP28, em uma comitiva do governo do Acre. O documento de acusação tem 175 páginas. Nele, o subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos afirma que, desde 2019, Cameli comanda um esquema de fraude em licitações.
Além disso, a PGR aponta fraudes em pelo menos oito contratos firmados nos últimos anos pelo governo do Acre. Em março deste ano, a PF já tinha bloqueado R$ 10 milhões, carros, imóveis e um avião de Cameli.
Segundo a denúncia, o suposto esquema começou a operar em 2019, depois que o governo do Acre contratou uma empresa de engenharia para fazer manutenção de prédios públicos. O contrato tinha valor de R$ 24,3 milhões.
A denúncia afirma que "um dia após celebrar contrato milionário com o Estado do Acre, a empresa sem qualquer know-how específico da localidade de execução dos serviços, contratou indiretamente e de forma velada a empresa do irmão do governador, à qual igualmente não possuía atividade no Estado do Acre e passou a receber vantagens advindas da execução do pacto com o governo estadual".
“As evidências são claras de que Gledson Cameli, irmão do Governador, conhecia a empresa e realizou com seus sócios e os demais coautores um pacto para dividir a execução e os lucros decorrentes do contrato”, diz o documento da PGR.
Defesa
Em nota, o governador do Acre diz manter a confiança na Justiça.
"Diante das publicações recentes veiculadas na imprensa acreana e nacional acerca de denúncia da Procuradoria-Geral da República, e consequente pedido de afastamento do exercício do mandato, o governador Gladson Cameli mantém sua confiança na justiça, mantendo-se à disposição para qualquer esclarecimento, bem como permanece cumprindo suas obrigações como chefe do Poder Executivo do Estado do Acre”, descreve.
Já seu advogado, Pedro Ivo, afirmou que “não há nenhuma ilegalidade atribuível ao governador Gladson Cameli. As obras foram todas executadas e entregues ao povo do Acre, o afastamento é uma ação arbitrária e de absurdo”.
Ostentação
Segundo a PGR, o governador demonstrava ter uma vida de ostentação e isso ajudou as investigações.
Governador e família tinham itens de luxo, como um automóvel BMW, avaliado em R$ 500 mil, e uma mansão em Miami, nos Estados Unidos, estimada em US$ 4,5 milhões (em valores nacionais, cerca de R$ 23 milhões). A suspeita é que os bens foram comprados com dinheiro desviado do governo estadual.