CPI acusa presidente do ICMBio de corrupção

Relatório final aponta que Mauro Pires pediu licença para trabalhar para ONG

Por Murilo Adjuto

Marcio Bittar pediu indiciamento do presidente do ICMBio

Concluídos os trabalhos de investigação, a CPI das ONGs do Senado fez a leitura de seu relatório final, de autoria do senador Marcio Bittar (União-AC). Bittar pediu o indiciamento do presidente do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (IMCBio), Mauro de Oliveira Pires, pelo crime de corrupção passiva e por ato de improbidade administrativa que importa em enriquecimento ilícito. O ICMBio é um dos principais órgãos do Ministério do Meio Ambiente, chefiado por Marina Silva. O Instituto é um dos órgãos responsáveis pelo processo de autorização de licenciamento ambiental.

E é justamente desse ponto que decorre o pedido de indiciamento. De acordo com seu próprio depoimento à CPI, Mauro Pires se licenciou do ICMBio por três anos para trabalhar para ser sócio da empresa Canumã, que trabalha justamente com licenciamento ambiental.

“Significa dizer que um servidor público pertencente a um órgão que participa dos processos de licenciamento ambiental passou a prestar serviços para empresas privadas exatamente nessa mesma área. Depois, ultrapassado o prazo da licença, ele retornou ao seu cargo, para continuar se manifestando sobre pedidos de licenciamento ambiental, nos quais ele eventualmente pode ter atuado” aponta o texto do relatório final.

O analista ambiental de carreira do ICMBio, Pires foi escolhido para ser presidente do Instituto em março deste ano após seu nome constar em uma lista tríplice apresentada à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

Conselheira

Embora não tenha sido pedido seu indiciamento, o relatório menciona ainda que Marina Silva é conselheira de uma ONG da área ambiental, o Instituto Brasileiro Ambiental da Amazônia (Ipam), o que poderia caracterizar conflito de interesses.

Nesse sentido, o relatório sugere a criação de projetos de lei para coibir eventuais “relações espúrias” de dirigentes de organizações não governamentais com órgãos do estado. Os projetos propostas determinam o impedimento e estabelecimento de quarentena para servidores públicos participarem de órgãos de direção e fiscalização de ONGs. Além disso, também propõe maior transparência e responsabilização da prestação de contas destas organizações.

Propõe também regrar a distribuição dos recursos do Fundo Amazônia, para beneficiar “os reais guardiões da floresta”.

Marcio Bittar propôs ainda a criação de uma Comissão Permanente da Amazônia no Senado, como a que já existe na Câmara, argumentando que é lá que está o interesse internacional. A pedido do senador Doutor Iran (PP-RR), o relatório final deverá incluir pedidos de quebras de sigilos de ONGs para mostrar como são gastos os recursos captados dentro e fora do país.

Relatada pelo senador Márcio Bittar, a CPI das ONG's investiga o uso de recursos recebidos de instituições do exterior e de outros governos, a partir do ano de 2002 até janeiro de 2023. A comissão é presidido pelo senador Plínio Valério (PSDB-AM).

Após a leitura do relatório, foi concedido um prazo de vista de cinco dias. A votação, portanto, ficará para a próxima terça-feira (12).